Líbia

Há 14 anos, Gaddafi era assassinado pela OTAN

Operação deixou Líbia em ruínas: um país fragmentado por milícias, caos político e interferências estrangeiras que perduram até hoje

Há 14 anos, em 20 de outubro de 2011, Muammar Gaddafi, líder da Líbia por mais de quatro décadas, foi capturado vivo em sua cidade natal, Sirte, e brutalmente assassinado por milícias rebeldes. O que foi apresentado como o “fim de uma ditadura” revelou-se uma intervenção militar orquestrada por França e Estados Unidos, sob as lideranças de Nicolas Sarkozy e Barack Obama. Disfarçada de “missão humanitária”, a operação da OTAN – autorizada pela Resolução 1973 da ONU – foi um golpe de Estado imperialista, violando o direito internacional e deixando a Líbia em ruínas: um país fragmentado por milícias, caos político e interferências estrangeiras que perduram até hoje.

A França de Nicolas Sarkozy emergiu como o principal arquiteto da invasão, impulsionada por interesses obscuros. Condenado recentemente por conspiração para obter financiamento ilegal de Gaddafi para sua campanha presidencial de 2007 – com testemunhos de ex-funcionários líbios como Abdullah al-Senussi e Saif al-Islam apontando milhões de euros em malas de dinheiro –, Sarkozy via na remoção do líder líbio uma forma de silenciar potenciais revelações. Pressionado pela Resolução 1973 em 17 de março de 2011, ele organizou uma cúpula de emergência em Paris no dia 19, convencendo aliados a lançarem ataques imediatos. Aviões franceses Mirage e Rafale executaram 33-35% das missões da OTAN, bombardeando infra-estruturas e forças leais a Gaddafi.

Mas Sarkozy não agiu sozinho. O democrata Barack Obama, presidente dos EUA, forneceu o suporte militar decisivo, adotando uma estratégia de “liderança por trás” para minimizar riscos políticos americanos após as guerras no Iraque e Afeganistão. No mesmo dia da cúpula parisiense, Obama autorizou a Operação Odyssey Dawn: mais de 110 mísseis Tomahawk foram disparados contra defesas aéreas líbias, seguidos por 16% das missões de ataque da OTAN, incluindo a destruição de cerca de 1.000 alvos militares. Os EUA garantiram reabastecimento aéreo, bloqueio naval e inteligência essencial, permitindo que a França assumisse o protagonismo visual. Em um artigo de opinião conjunto publicado em 14 de abril de 2011 – “Libya’s Pathway to Peace” –, Obama, Sarkozy e o britânico David Cameron justificaram a ação como prevenção de um “banho de sangue” em Benghazi, exigindo a saída de Gaddafi e prometendo uma transição democrática. Obama chegou a elogiar publicamente a “liderança extraordinária” de Sarkozy em novembro de 2011.

O ataque aéreo da OTAN que atingiu o comboio de Gaddafi em Sirte – coordenado por forças francesas e americanas – facilitou sua captura. Desarmado e ferido, junto ao filho Mutassim e ao ministro da Defesa Abu Bakr Yunis Jabr, Gaddafi foi executado sumariamente em vídeo transmitido ao vivo.

Quatorze anos depois, a Líbia é um Estado falido, com cidades destruídas, milhões em pobreza e milícias rivais disputando poder, além da ascensão de grupos como o Estado Islâmico. Obama, em entrevistas de 2016, admitiu que a intervenção foi seu “pior erro”, culpando cinicamente Sarkoz e Cameron, apesar de os EUA terem gasto mais de US$1 bilhão.

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