No dia 10 de outubro, o portal Esquerda Online publicou uma tradução do texto O espectro do fascismo assombra a Europa, do acadêmico italiano Enzo Traverso. O texto, conforme o título já indica, é uma defesa escancarada e oportunista do imperialismo diante da nova etapa de luta entre os povos e a ditadura mundial do grande capital.
O artigo inicia citando o que seria seu motivo de preocupação:
“A extrema direita na Europa se afirma como um fenômeno social com características estruturais. Da Itália de Giorgia Meloni aos crescimentos eleitorais da Alternative für Deutschland alemã, do Rassemblement National francês e do Vox espanhol, a extrema direita avança inclusive no Parlamento Europeu. Partidos nacionalistas, anti-imigração e autoritários ganham espaço, alterando profundamente o cenário político europeu.”
Curiosamente, Traverso “esquece” os maiores expoentes da extrema direita mundial: Benjamin Netaniahu, primeiro-ministro de “Israel”, responsável pelo assassinato de mais de 20 mil crianças palestinas, e Vladimir Zelensqui, presidente usurpador da Ucrânia, chefe de um regime sustentado por milícias neonazistas, herdeiras da ocupação nazista da Ucrânia.
O esquecimento não é por acaso. A diferença entre a extrema direita europeia e a extrema direita na Ucrânia e em “Israel” é que a primeira é uma reação à política impopular do imperialismo, enquanto a segunda é um recurso do imperialismo para impor a sua dominação. Ainda que o regime italiano seja bastante alinhado ao imperialismo, a chegada de Meloni ao poder é mais resultado da própria crise do imperialismo do que de um plano do imperialismo para combater o movimento operário.
A preocupação do autor, portanto, é com a sobrevivência do imperialismo. Isso fica ainda mais claro quando ele diz:
“O avanço da extrema direita na Europa representa uma ameaça existencial à democracia e aos direitos dos trabalhadores, consolidando-se como expressão política das contradições profundas do capitalismo europeu em crise.”
A tal “democracia” é o nome que o imperialismo usa para o sua ditadura criminosa sobre os povos oprimidos. É a “democracia” da França, por exemplo, onde o presidente se mantém sem apoio popular e rouba a aposentadoria de toda a população. É a “democracia” da Alemanha, onde o primeiro-ministro decidiu, da noite para o dia, roubar o dinheiro da saúde, da infraestrutura e da geração de emprego para financiar o maior exército da Europa.
A maior ameaça aos trabalhadores e seus direitos não é a extrema direita em si. É o seu inimigo de classe: o imperialismo. É o imperialismo que está promovendo guerras e golpes de Estado. É o imperialismo que está devastando as economias por meio da política neoliberal. Foi o imperialismo, no Brasil, quem derrubou Dilma Rousseff e impôs as reformas trabalhista e previdenciária, e não a extrema direita.
Ao eleger a extrema direita como grande ameaça, o que Travesso faz, na verdade, é apresentar o imperialismo como grande amigo dos trabalhadores.




