Os Correios, através de seu presidente Emmanoel Schmidt Rondon, anunciaram nesta quarta-feira (15) que estão negociando com os bancos uma tomada de R$20 bilhões de reais em empréstimos para tratar a falta de dinheiro em caixa. Logo após assumir o cargo, em menos de um mês, o presidente informou ainda que o contrato de crédito não fora fechado, pois a carência vem afetando a empresa desde 2024, estando em um processo de negociação como parte de uma reestruturação financeira da empresa.
Durante o ano passado, os Correios utilizaram R$2,9 bilhões do dinheiro disponível em caixa, incluindo aplicações futuras, totalizando 92 por cento do total que estava aplicado desde 2023. Em setembro deste ano, a empresa anunciou o resultado do primeiro semestre de 2025, apresentando um prejuízo de R$4,3 bilhões. No mesmo período do ano passado, o prejuízo ficou estimado em R$1,3 bilhão.
Na gestão do ex-presidente Fabiano Souza, a empresa tomou um empréstimo de R$1,8 bilhão de modo paliativo, para investir no fluxo de caixa operacional, que estava abaixo das necessidades financeiras. Essa escassez de recursos fez com que os Correios atrasassem os repasses e pagamentos para os operadores no processo de geração de receita da empresa.
Com este quadro, desde o começo de abril, as transportadoras que prestam os serviços terceirizados para os Correios estão paralisadas, trabalhando em um ritmo mais lento, o que frustra o consumidor final com a demora maior de tempo para o envio e entrega dos produtos.
No começo deste ano, também houve atrasos nos repasses financeiros para a comissão das agências conveniadas, que funcionam como um serviço de recebimento e despacho de encomendas dos produtos. A situação está afetando o operacional a tal nível que a mantenedora dos planos de saúde dos funcionários não está sendo paga, ocasionando a suspensão do atendimento de algumas redes hospitalares.
Em parte de uma nota explicativa apresentada junto à prestação de contas, nas demonstrações financeiras, a empresa afirma estar realizando os pagamentos de acordo com as “disponibilidades financeiras”, não honrando os acordos firmados na categoria. O que, de acordo com o informe, os Correios estão buscando é a diversificação das receitas, com recuperação da capacidade de reposição de caixa, visando a recuperação da liquidez da empresa, também impactando os funcionários com os cortes de despesas operacionais e administrativas, com a precarização da empresa.
O sucateamento da empresa está sendo implementado com um novo Plano de Demissão Voluntária (PDV) dos funcionários, na justificativa para equilibrar as contas; o que está gerando apreensão na categoria é que o presidente dos Correios não entrou em detalhes sobre como funcionará o programa, em continuidade a um processo que vem desde maio, quando houve outro PDV, com baixa de 3.500 funcionários.
Foram colocados à venda diversos imóveis, que, de acordo com a presidência da empresa, estão ociosos, como meio de obter a renegociação dos contratos com os fornecedores “sem colocar em risco a segurança jurídica das operações”, que, em alguns momentos, foram impactadas por paralisações e atrasos. O presidente não informou como vai ampliar a receita da empresa com novos produtos.
Este empréstimo de R$ 20 bilhões, que supostamente irá aliviar o caixa da empresa por um ano, auxiliará na reestruturação das operações a longo prazo. Apesar deste anúncio, todas as medidas informadas já estavam sendo adotadas pela gestão anterior, mesmo não se sabendo quais seriam os impactos destas medidas desde maio até a presente data.
Em julho deste ano, como um dos possíveis impactos das medidas da gestão da empresa, os Correios suspenderam o pagamento de diversas obrigações, somando no total R$ 2,75 bilhões. Esta medida foi adotada para tentar preservar a liquidez e reequilibrar o fluxo de caixa, que acumula ao todo 12 trimestres de resultados negativos em prejuízo.
Entre os pagamentos suspensos, estão benefícios como plano de saúde Postal Saúde, o fundo de pensão previdenciário Postalis, o programa Remessa Conforme, incluindo várias dívidas tributárias e obrigações com fornecedores. Na lista incluem-se os valores adiados de INSS Patronal com R$ 741 milhões, fornecedores vários com R$ 652 milhões, Postal Saúde com R$ 363 milhões, Remessas Conformes com R$ 271 milhões, vale alimentação e refeição com R$ 238 milhões, PIS/Cofins com R$ 208 milhões, Postalis com R$138 milhões e franqueados com R$ 135 milhões de prejuízos, no total de 53% de dívidas, cujos atrasos geram multas com juros, porém que não interrompem diretamente as operações, como no caso de tributos e repasses aos planos dos empregados.
Os Correios, uma das maiores empresas públicas de toda a América Latina, estão sob um ataque da direita com vistas a sua privatização.




