A primeira fase do acordo de troca de prisioneiros entre a Resistência Palestina e a ocupação israelense começa nesta segunda-feira (13), após negociações intensivas pelo Egito, Catar e Estados Unidos. Até o fechamento desta edição, ônibus da Cruz Vermelha haviam sido enviados para Gaza e para a Prisão de Ofer para iniciar o transporte dos detidos, enquanto a crise política em “Israel” se intensificava, com o primeiro-ministro Benjamin Netaniahu enfrentando críticas internas sobre os termos do acordo.
Várias casas de prisioneiros programados para libertação foram invadidas, incluindo as de Ali Abayat em Beit Lahm e Samer Halabiya em Abu Dis, perto de Jerusalém. Invasões e prisões também foram relatadas em Nablus, Qabatiya e Deir Istiya, na província de Salfit. No entanto, as famílias palestinas ainda não receberam uma confirmação oficial sobre quais prisioneiros serão libertados ou quem poderá ser deportado como parte do acordo.
A imprensa israelense especula que o processo de troca começará às 2h da manhã (horário de Brasília), a partir do corredor de Netzarim, no centro de Gaza.
Em entrevista ao Canal 12 de “Israel”, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descreveu o acordo de Gaza como “seu maior feito político”.
As Brigadas Al-Qassam, a ala militar do Hamas, afirmaram no domingo (12) que o acordo de cessar-fogo recém-alcançado com “Israel” foi o resultado da firmeza da Resistência palestina, e não de uma rendição. Segundo as Brigadas, o acordo foi uma vitória política e moral para a Resistência após meses de guerra e mediações fracassadas.
A declaração veio pouco antes do início da primeira fase da troca de prisioneiros e detidos, que começa na manhã desta segunda-feira (13) sob a supervisão do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Mais de 2.000 prisioneiros palestinos devem ser libertados de prisões israelenses em troca de prisioneiros israelenses detidos em Gaza, incluindo centenas de mulheres e crianças. O processo segue semanas de negociações intensivas mediadas pelo Egito, Catar e Estados Unidos, e faz parte de um acordo de cessar-fogo mais amplo para encerrar a guerra.
Em sua declaração, as Brigadas disseram que o acordo “é o fruto da firmeza do nosso povo e da tenacidade dos nossos combatentes da Resistência”, afirmando que o grupo permanecerá comprometido com o acordo “desde que a ocupação o respeite”.
O acordo também é prova do fracasso militar de “Israel”. Para as Brigadas, a entidade sionista “falhou em recuperar seus prisioneiros por meio de pressão militar, apesar de sua superioridade de inteligência e excesso de poder”. As Brigadas acrescentaram que “Israel” agora está “se submetendo e recuperando seus reféns por meio de um acordo de troca de prisioneiros, exatamente como a Resistência havia prometido desde o início”.
Apesar da trégua, as forças israelenses continuaram os ataques noturnos em toda a Cisjordânia ocupada, incluindo em Beit Lahm, Abu Dis, Nablus e Deir Istiya, invadindo as casas de prisioneiros que seriam libertados. Fontes palestinas relataram várias prisões e agressões, sublinhando a fragilidade do cessar-fogo.
As Brigadas Al-Qassam acusaram “Israel” de prolongar deliberadamente a guerra para obter ganhos políticos, alegando que a ocupação “poderia ter recuperado a maioria de seus reféns vivos há muitos meses, mas continuou a protelar e agir com arrogância, preferindo que seu exército matasse dezenas deles como resultado de sua falha política de pressão militar”. O grupo também afirmou que “Israel” sabotou esforços de mediação anteriores “para satisfazer os instintos selvagens e vingativos de seu governo nazista”.
Dentro de “Israel,” o acordo desencadeou uma forte reação política. O primeiro-ministro Benjamin Netaniahu enfrenta crescentes críticas de sua própria coalizão, com o jornal Haaretz descrevendo o resultado como “um acordo imposto ao fraco Netaniahu”.
As Brigadas encerraram sua mensagem com uma promessa aos detidos palestinos de continuar defendendo a causa deles, declarando que Gaza e seus combatentes “sacrificaram o que tinham de mais caro e se esforçaram ao máximo para quebrar suas correntes” e prometendo que “sua liberdade continuará sendo a principal de nossas prioridades nacionais”.





