O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por telefone nesta segunda-feira (6). O diálogo, que durou cerca de 30 minutos, foi descrito por Lula como “extraordinariamente bom”. A conversa abordou temas como tarifas, sanções e a possibilidade de um encontro presencial.
Lula reiterou o pedido para a retirada da sobretaxa de 40% (chegando a 50% em alguns casos) imposta por Trump a produtos brasileiros. O presidente norte-americano, por sua vez, admitiu que os EUA estavam “sentindo falta” de alguns produtos brasileiros, citando especificamente o café.
Outro ponto de discussão foi o cenário político interno do Brasil. Lula solicitou a retirada de restrições impostas a autoridades nacionais, como a cassação de vistos e sanções financeiras contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O governo norte-americano, por meio de seu presidente, tem justificado essas medidas como uma resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado político de Trump.
Os dois presidentes concordaram em prosseguir com as negociações por meio de suas equipes. Para isso, Trump designou o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, para dar sequência às tratativas. Do lado brasileiro, a equipe é formada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Lula pediu que Rubio atuasse “sem preconceito” nas discussões, citando um “certo desconhecimento da realidade do Brasil”.
A conversa também resultou em um acordo para a realização de um encontro presencial. Três possibilidades foram levantadas:
- Durante a cúpula da Asean, na Malásia, no fim de outubro.
- Na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), em Belém.
- Uma visita de Lula aos Estados Unidos.
O “tarifaço” imposto pelos EUA teve efeitos notáveis na balança comercial brasileira. As exportações do Brasil para os EUA caíram 20,3% em setembro em comparação com o ano anterior, totalizando US$ 2,58 bilhões. Especificamente no setor de café, as vendas em quantidade caíram quase pela metade (-47%) no mesmo período, com uma queda de 31,5% em valores (US$ 113,8 milhões).
No total, o superávit brasileiro com o mundo caiu para US$3 bilhões em setembro, uma redução de 41% em relação ao ano anterior. Ao mesmo tempo, a Alemanha se tornou a principal compradora de café brasileiro após as tarifas impostas pelos EUA.





