A “educação antirracista”, tal como promovida por ONGs e instituições burguesas, é um projeto que atua como uma máscara ideológica para a opressão de classe e racial, servindo à agenda do grande capital em detrimento da luta da população negra. Sob o manto de “diversidade” e “equidade”, essas iniciativas cooptam as demandas mais legítimas e radicais do movimento negro, despolitizando a questão racial e transformando-a em uma pauta cultural e mercadológica, enquanto o genocídio e a exploração do povo negro seguem em ritmo acelerado.
- O teatro da “diversidade” e os dados da opressão real
As ONGs — como Instituto Unibanco, Instituto Peregum, ActionAid e Geledés — atuam para reduzir a luta do negro a uma questão de “letramento racial” e “consciência”, ignorando a sua base material e econômica. Essa abordagem é diretamente contrária à realidade brutal da opressão, que se expressa em números e fatos concretos:
- Genocídio policial: enquanto ONGs e o Estado promovem “cursos de sensibilização racial” para a PM, a realidade nas ruas é de massacre. Em 2024, a polícia de São Paulo matou 813 pessoas, um aumento de 61% em relação ao ano anterior, revertendo a tendência de queda observada quando o programa de câmeras corporais era expandido. A esmagadora maioria das vítimas, conforme dados de maio de 2025, são jovens negros. Em todo o país, em 2024, a polícia matou 6.243 pessoas, uma média de 17 mortes por dia. O risco de uma pessoa negra ser morta pela polícia é 3,5 vezes maior do que o de uma pessoa branca, dizem as pesquisas. Estes são dados os oficias, se forem consideradas as subnotificações, os números serão mais estarrecedores. É um problema de genocídio de Estado.
- Desigualdade econômica: a “educação antirracista” corporativa, promovida por empresas como Itaú e Magazine Luiza, vende a imagem de “empresa progressista”, enquanto perpetua a exploração. A realidade econômica dos negros é a da superexploração: dados do IBGE de 2025 mostram que, mesmo em profissões de baixa escolaridade, a remuneração de pessoas brancas é 35% superior à de pessoas negras. A luta não é por “diversidade” em cargos de gerência, mas por igualdade de salários, possível somente com o fim da exploração capitalista.
- Falta de acesso à educação: enquanto a burguesia gasta milhões em projetos de “educação antirracista” via ONGs, o Estado e o capital mantêm a estrutura escolar sucateada. Escolas públicas negligenciadas levam à evasão escolar, que afeta desproporcionalmente jovens negros. Em 2024, dados do MEC e IBGE indicam que jovens negros e pardos representam 46% dos estudantes do ensino médio, mas são os mais afetados pela falta de infraestrutura e apoio, o que se traduz em menores taxas de conclusão do ensino médio e acesso à universidade. A verdadeira luta não é por “letramento racial” em uma sala de aula sem infraestrutura, mas por investimento massivo em educação pública e de qualidade.
- A hipocrisia e as relações internacionais das ONGs
As ONGs do chamado terceiro setor operam como um braço do imperialismo e da burguesia para a despolitização e cooptação de demandas. Um exemplo claro é a ActionAid, que coordena o Projeto Seta, premiado pela Fundação Kellogg com US$ 10 milhões. A ActionAid se apresenta como uma ONG “antirracista” e “anti-pobreza”, mas sua atuação global está intrinsecamente ligada às políticas imperialistas, dependendo de financiamento de redes liberais norte-americanas que também sustentam politicas sionistas.
A organização mantém laços estruturais com entidades que apoiam a política colonialista de “Israel”, uma vez que recebe recursos – direta ou indiretamente – de fundações como a Tides Foundation, financiada por George Soros (Open Society Foundations) e pela Fundação Bill e Melinda Gates, além da Rockefeller Brothers Fund e da Fundação Libra (da família Pritzker, herdeira da Hyatt Hotels). Esses doadores, embora apoiem causas ditas “progressistas”, são aliados políticos e financeiros de governos e candidatos favoráveis a “Israel”, como o governo Biden, criando um grave conflito de interesses.
Essa dependência financeira explica por que a ActionAid, apesar de seu discurso “antirracista”, não confronta decisivamente o sionismo como projeto de colonização e extermínio – tal como o Mossad, agência de inteligência israelense, atua como braço repressivo desse mesmo projeto. A crítica ao sionismo, pauta central do movimento de libertação palestino, é sistematicamente censurada ou diluída em narrativas aceitáveis para o capital, como a linguagem de “direitos humanos” desconectada da luta anti-imperialista.
A hipocrisia é evidente: enquanto aceita recursos de entidades que lucram com a ocupação israelense (como a Hyatt, cujos hotéis operam em territórios ocupados), a ActionAid evita denunciar claramente o genocídio em Gaza e a cumplicidade do Estado imperialista norte-americano. Essa postura a transforma em instrumento de “lavagem de reputação” corporativa e de cooptação das lutas radicais.
A verdadeira solidariedade com a luta palestina – inseparável da luta contra a opressão do negro no Brasil – exige ruptura com o financiamento imperialista e a exposição das entidades que servem ao capital e ao colonialismo. Enquanto a ActionAid, e outras ONGs do mesmo tipo, não romperem com essas redes de poder, seguirão como agentes da despolitização e da domesticação das resistências.
- O papel do Estado na cooptação e na opressão
O Estado burguês não é um parceiro inocente na “educação antirracista”; ele é um financiador e executor desse projeto de cooptação. A atuação de órgãos como o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério Público (MP) serve para institucionalizar o combate ao racismo de forma superficial, garantindo que ele não afete a estrutura de poder.
- A farsa dos marcos legais: A criação de marcos legais, como a Lei 10.639/2003, é alardeada como uma grande conquista. No entanto, sua implementação é, na prática, precária. Uma pesquisa do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul (TCE-RS) revelou que, entre 2023 e 2024, quase 90% dos municípios gaúchos declararam não ter investido um único centavo para cumprir a lei. O MP, por sua vez, atua como “fiscal”, mas suas ações se limitam a “inquéritos” e “recomendações”, que raramente se traduzem em mudanças materiais.
- A “luta” institucional: A Conae 2024 e a inclusão da educação antirracista no Plano Nacional de Educação (PNE) são exemplos de como a burguesia e o Estado direcionam a energia do movimento negro para o campo institucional. O objetivo não é resolver a opressão, mas criar a ilusão de que a luta está avançando por meio de “políticas públicas” e “diálogos” que não alteram a base de exploração.
- A necessidade de uma luta revolucionária do negro
A verdadeira luta pela libertação do negro não se dará através de projetos de ONGs ou políticas de Estado, que servem apenas para gerenciar a opressão e garantir que o capital continue a explorar a classe trabalhadora, em especial a negra. A saída é a mobilização independente e revolucionária da classe trabalhadora.
- Fim da Polícia Militar: A PM é o braço armado da opressão contra negro. A luta pela vida do povo negro exige o fim imediato da Polícia Militar e o desmantelamento de suas estruturas genocidas, e não “cursos de sensibilização”. É preciso lutar pelo armamento da população e criação de milícias populares nos bairros.
- Ruptura com o capitalismo: A opressão racial no Brasil e no mundo está intrinsecamente ligada à exploração capitalista. A única forma de acabar com o racismo é destruir o sistema capitalista, que se utiliza do racismo para dividir a classe trabalhadora e superexplorar os negros.
- Autodefesa do povo negro: A educação para o povo negro deve incluir o ensino da autodefesa, uma pauta ausente nos manuais “antirracistas” financiados pela burguesia (como os do Itaú ou do Geledés). É um ensinamento vital para que o povo negro possa se defender da violência policial e da opressão de Estado.
A educação antirracista burguesa é um teatro para ocultar que a opressão racial é inseparável da exploração de classe. Enquanto a elite financia palestras sobre “diversidade”, a PM assassina negros nas favelas. Chega de ilusões! Só a mobilização independente e a revolução social podem destruir este sistema podre e a opressão racial que dele decorre.





