'Israel'

Amiga da esquerda identitária, Globo dá voz a exército genocida

Artigo assinado por porta voz de Forças de Ocupação sionistas defende que não há genocídio na Faixa de Gaza

A democratíssima rede Globo, eleita pela esquerda pequeno-burguesa brasileira como sua aliada número 1 na “luta” contra a imunidade parlamentar e os direitos democráticos da população, resolveu publicar um artigo de um porta-voz das Forças de Ocupação de “Israel” — que os sionistas costumam chamar de “exército” —, explicando que — pasmem — não há genocídio na Faixa de Gaza.

O título do artigo é Por que é um erro acusar Israel de genocídio em Gaza, e seu autor, um tal de Rafael Rozenszajn. Logo em seu primeiro parágrafo, podemos reconhecer que estamos diante de um cretino:

“O mais recente relatório da comissão de investigação do Conselho de Direitos Humanos da ONU afirma que Israel é responsável por genocídio na Faixa de Gaza. Trata-se de uma das acusações mais graves do Direito Internacional, com implicações morais e políticas profundas. Por essa razão, é fundamental analisar de forma criteriosa a base jurídica e probatória que sustenta tal conclusão. Uma avaliação atenta do relatório revela falhas significativas que impedem considerar a alegação de “genocídio” como juridicamente fundamentada.”

Em um cenário no qual 10% de toda a população da Faixa de Gaza já pode ter vindo à óbito, a grande preocupação do porta-voz das tropas assassinas é com as “implicações morais e políticas profundas” de se imputar a “Israel” o crime de genocídio. Que implicações profundas são essas?

Comecemos pelo mais grotesco: a preocupação com a “moral”. Rozenszajn realmente acha que é possível levar alguém a sério que se sente mais ofendido ao ser chamado de “genocida” do que pelos fatos incontestáveis e conhecidos pelo mundo inteiro? Leiam-se:

  • Assassinato de centenas de pessoas por fome
  • Assassinato de mais de 20 mil crianças
  • Mais de 12 mil presos de maneira arbitrária
  • Demolição de centenas de casas
  • Conivência e estímulo para que milícias fascistas expulsem as pessoas de suas casas

Chamar “Israel” de genocida não vai, nem de longe, modificar a forma como “Israel” já é visto pelo mundo: como uma monstruosidade.

Do ponto de vista da política, também não tem tanta relevância assim. Ainda que haja tratados internacionais que estimulem uma intervenção em casos de genocídio, esses tratados, como Rozenszajn sabe muito bem, não valem de nada. O melhor exemplo disso é o fato de que o primeiro-ministro Benjamin Netaniahu teve pedido de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional e pôde discursar livremente na Organização das Nações Unidas (ONU) na semana passada.

O real objetivo do porta-voz das forças sionistas de levantar essa discussão será esclarecido mais à frente. Antes disso, vejamos alguns de seus argumentos.

“O Conselho de Direitos Humanos da ONU enfrenta há anos críticas sobre seu viés político evidente e a atenção desproporcional voltada contra Israel. Entre 2006 e 2024, aprovou 108 resoluções contra Israel, em comparação com 45 contra a Síria, 15 contra o Irã, 10 contra a Rússia e 4 contra a Venezuela. Israel é, portanto, o país mais frequentemente condenado, muito à frente de outras nações com histórico problemático em direitos humanos.”

Esta trecho apenas comprova o que foi dito acima. Se a ONU aprovou 108 resoluções, por que elas não foram cumpridas? Porque, para o imperialismo, elas não deveriam ser cumpridas, e é isso o que importa.

Chama a atenção também o que ele diz em relação aos outros: “nações com histórico problemático em direitos humanos”. Seja lá o que ele considera “problemático”, fica a pergunta: quantas crianças foram assassinadas deliberadamente na Venezuela? E na Rússia? E no Irã?

Ao comparar algum caso de repressão estatal defensiva na Venezuela, como a repressão às tentativas de golpe organizados pelo Departamento de Estado norte-americano, ao assassinato de crianças, o autor revela toda a sua desumanidade. Para ele, a vida dos palestinos não vale nada. São animais e, por isso, o que “Israel” faz não seria nada demais em comparação a qualquer outro país.

A parte mais cínica do artigo, no entanto, é a que se segue:

“No Direito Internacional, para que atos sejam considerados genocídio, não basta a ocorrência de mortes ou destruição; deve-se comprovar que não existe alternativa plausível para explicar as ações.”

Diante dos fatos que enfurecem todos os povos do mundo, o autor levanta que não é possível determinar a intenção dos israelenses! Afinal, é bastante plausível exterminar de 3 a 10% da população de um povo totalmente desarmado sem a intenção de fazer isso, não é mesmo? Qual seria a “intenção” de “Israel”, então? É ridículo. E é mais ridículo ainda por que, não bastassem os fatos, há milhares de declarações e investigações que escancaram a tal “intenção”. Como, por exemplo, a de Benjamin Netaniahu, que afirmou que o povo palestino não tinha direito a constituir um Estado próprio. Como, por exemplo, um relatório produzido recentemente por um veículo holandês que prova que as crianças na Faixa de Gaza não estão sendo mortas por acidente, mas estão sendo assassinadas de maneira deliberada. Como, por exemplo, a entrevista do ministro Bezalel Smotrich, em que diz que “Israel” decidiu matar o povo de fome para criar uma revolta contra o Hamas.

Ninguém, nem mesmo Rafael Rozenszajn, acredita nessas lorotas. Conforme ele mesmo se apresenta, afinal, ele é um porta-voz. neste caso, um porta-voz do sionismo criminoso e assassino de crianças. E a que vem essa defesa coberta de mentiras?

Por um lado, ela reforça uma das principais iniciativas do sionismo em países como o Brasil: o de tutelar o que as pessoas falam para tentar intimidá-las. Dizer que não se pode determinar que há genocídio pode servir a algum juiz que dê razão de causa quando algum defensor da Palestina acuse “Israel” do que de fato é.

Por outro, o artigo de Rozenszajn expressa o desespero do sionismo que sabe que, por trás do uso cada vez maior da expressão “genocídio” em fóruns internacionais, incluindo a ONU, está o fato de que o imperialismo está prestes a largar a mão de “Israel”. O sionismo se tornou um fardo e, graças à resistência palestina, as soluções para esse problema estão cada vez mais restritas.

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