Desde 2014, é feita no Brasil sistematicamente a campanha do “Setembro Amarelo”. Importada dos Estados Unidos, a campanha visa, supostamente, prevenir suicídios. O que ninguém gosta de dizer é que, desde que essa campanha entrou em cena, apesar da intensa publicidade, o número de suicídios no Brasil só aumentou.
Os dados do DATASUS mostram que o número de suicídios no Brasil cresce sem parar. De forma paradoxal, a consolidação do “Setembro Amarelo” coincide com um salto abrupto nesses índices, o que escancara a ineficácia da campanha. Alguns tentam justificar o aumento alegando maior visibilidade e notificação de suicídios após sua implementação. Mas, depois de uma década, esse argumento soa como desculpa: dez anos não foram suficientes para que uma campanha de “prevenção” conseguisse prevenir sequer um suicídio?
A realidade é que o “Setembro Amarelo” se transformou em um verdadeiro golpe publicitário, usado de maneira ridícula por empresas na sua autopromoção. O clássico truque é entregar fitinhas amarelas para que todos saiam desfilando com elas na roupa, como se a simples presença de um pedaço de fita fosse capaz de salvar vidas ou ter qualquer efeito relevante. Para os mais criativos, a farsa se estende à distribuição de chás de camomila em sachês amarelos, desejando “serenidade e autocuidado”. Porque, obviamente, nada previne suicídios como uma boa xícara de chá com embalagem colorida.
Apesar do apoio ingênuo de pessoas bem-intencionadas, a campanha não passa de uma cortina de fumaça para a deterioração da saúde mental da população. Enquanto se gasta dinheiro em fitinhas amarelas e frases de efeito bonitinhas, os problemas reais continuam crescendo: trabalhadores exaustos enfrentam jornadas intermináveis sem perspectivas, o sistema de saúde mal atende às necessidades mais básicas, a educação pública segue em colapso e a previdência social se mantém insuficiente, deixando milhões sem segurança nem perspectiva. Enfim, o resultado inevitável do sistema capitalista se revela. A saúde mental, portanto, não se deteriora por falta de fitas ou chá de camomila, mas pela vida real, pela ausência de políticas públicas que garantam condições dignas de existência. É preciso olhar para os fatores que realmente afetam as pessoas, e não se enganar com supostas soluções que não têm nenhum impacto concreto sobre o sofrimento ou a mortalidade.
Nesse contexto, o “Setembro Amarelo” passa a ser um espetáculo vazio, permitindo que governos e empresas se apresentem como preocupados com a saúde mental sem mudar absolutamente nada, apenas intensificando o pânico moral na vida dos trabalhadores. Participar dessa encenação é inútil diante da miséria, da exploração e da desigualdade que produzem desamparo e mortes.
A verdadeira redução de suicídios só será possível através da luta organizada, da construção de políticas que garantam trabalho digno, aposentadoria segura, acesso universal à saúde e educação de qualidade, e da transformação radical das condições de vida da população. Não são fitinhas, frases de efeito ou chás que salvam vidas, é a mobilização política, a ação coletiva e a revolução socialista que podem transformar o sofrimento em esperança e tornar a prevenção real, concreta e efetiva.
O Coletivo Psis busca contribuir para a organização e luta dos trabalhadores por melhorias verdadeiras nas suas vidas. Junte-se a nós, entrando em contato através do número (11) 95208-8335.




