Europa

Italianos mostraram caminho a ser seguido na defesa da Palestina

Confrontos entre manifestantes e a polícia foram registrados em vários locais, em alguns deles assumindo caráter intenso

Desde a última sexta-feira (19), vem ocorrendo em várias cidades da Itália manifestações em defesa da Palestina, contra “israel”. 

Os protestos foram convocados por sindicatos e centrais sindicais. Contando com significativa participação da classe operária italiana, foi exigido do governo italiano não apenas o fim do fornecimento de armas à entidade sionista, mas também o rompimento de relações. Foi exigido do governo igualmente apoio às embarcações da Flotilha da Liberdade, que levam mantimentos à Faixa de Gaza. 

Com portos e trabalhadores portuários participando das manifestações, foram registrados bloqueios de veículos suspeitos de estarem transportando armas para serem exportadas para “israel”. Confrontos entre manifestantes e a polícia foram registrados em vários locais, em alguns deles assumindo caráter intenso.

As primeiras manifestações ocorreram após a convocação da principal central sindical italiana, a Confederazione Generale Italiana del Lavoro (CGIL), na sexta-feira. Naquele dia, uma manifestação foi realizada perto da Câmara dos Deputados, entre a Piazza di Montecitorio e a Piazza Capranica, conforme noticiado pela Agenzia Nazionale Stampa Associata (ANSA), a principal agência de notícias italiana. 

Em comunicado a CGIL Roma i Lazio (a estrutura regional/territorial da CGIL que organiza trabalhadores em Roma – a capital – e na região de Lácio), declarou ser urgente “deter a invasão israelense de Gaza e o genocídio do povo palestino”, e que as manifestações são “uma reação forte, enraizada e generalizada do mundo dos trabalhadores em apoio à paz, aos direitos humanos e à proteção da população civil“.

Já no mesmo dia, trabalhadores de diversos setores convocaram e realizaram greves de 4 horas, com destaque para Metalúrgicos da Federazione Impiegati Operai Metallurgici (Fiom), trabalhadores da construção civil da Federazione Italiana Lavoratori Legno Edili e Affini (Fillea) e trabalhadores do setor de serviços da Federazione Italiana Lavoratori Commercio Albergo Mensa e Servizi (Filcams). 

Conforme noticiado pela ANSA, a Filcams também convocara, na sexta-feira, uma greve de quatro horas para os trabalhadores de transporte e logística, excluindo setores como ferroviário, aéreo, transporte público e marítimo. A agência de notícias informou que, no dia, estivadores do porto de Gioia Tauro, na Calábria (sul da Itália), já estavam em greve de 24 horas. Este porto é maior terminal de transbordo de contêineres da Itália e um dos mais importantes do Mediterrâneo, sendo um ponto de distribuição para outros portos europeus, de mercadorias vindas do exterior.

Ainda na sexta-feira, a manifestação convocada pela CGIL ocorreu na cidade portuária de Livorno. Conforme noticiado pela ANSA, a manifestação consistiu em uma marcha de cerca de 5.000 trabalhadores, contando também com a participação do prefeito de Livorno e membros da Câmara Municipal.

No mesmo dia, uma greve geral de 24 horas foi convocada para segunda-feira (22). Esta foi convocada por chamados “sindicatos de base” (diferentes da CGIL e federações citadas anteriormente): Confederazione Unitaria di Base (CUB), Associazione Diritti Lavoratori (ADL), Sindacato Generale di Base (SGB), Unione Sindacale di Base (USB) segundo notícias na imprensa italiana.

Esta greve-geral de 24 horas teve como um de suas palavras de ordem principal Blocchiamo tutto (vamos bloquear tudo), e teve por objetivo um bloqueio nacional de porto, rodovias e a paralisação de locais de trabalho em geral, em protesto contra o genocídio em Gaza, seja através dos bombardeios, seja através do bloqueio total; e também com o objetivo de bloquear o envio de armas a “Israel”, exigindo do governo italiano não apenas o fim do envio de armas, mas também o rompimento de relações com a entidade sionista.

Foram registrados protestos em cerca de 80 cidades italianas, contando com dezenas de milhares de pessoas. Durante os protestos de segunda-feira, a polícia foi mobilizada para reprimir os manifestantes em vários locais. Confrontos foram registrados. Vídeos da manifestação em Milão mostram policiais utilizando-se de gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes que estavam em frente à estação central da cidade. No entanto, foram registradas cenas também de manifestantes encurralando os policiais. Conforme noticiado pelo jornal britânica The Guardian, os manifestantes utilizaram-se bombas de fumaça, garrafas e pedras contra a agressão policial.

Segundo a agência britânica de notícias Reuters, citando a ANSA, Mais de 10 pessoas foram presas em Milão e cerca de 60 policiais sofreram hematomas ou ferimentos mais graves. Segundo organizadores, 50 mil pessoas teriam participado da manifestação; a polícia diz que foram 10 mil.

Manifestações também ocorreram nos portos de várias cidades portuárias, tais como Gênova, Livorno e Trieste, para impedir o envio de armas e outros suprimentos a “israel”. Nesta última cidade, manifestantes responderam à agressão policial com pedras.

Em Roma, mais de 20 mil manifestantes se reuniram perto da estação de trem de Termini, e chegaram a bloquear um importante anel viário, situação semelhante à ocorrida em Bolonha, com o bloqueio de uma rodovia. Nesta última cidade, 50 mil pessoas teriam participado da manifestação. Segundo a emissora italiana Rai, manifestantes tomaram completamente a Piazza Maggiore e as ruas adjacentes antes de se transformarem em procissão.

Como era de se esperar, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, uma fascista mussolinista, representante do imperialismo, condenou os protestos, afirmando em sua página do X que “(Isso foi) violência e destruição que não têm nada a ver com solidariedade e não mudarão a vida das pessoas em Gaza nem um pouco, mas terão consequências concretas para os cidadãos italianos que acabarão sofrendo e pagando pelos danos causados ​​por esses vândalos“.

Tradicional apoiador de “Israel”, o Estado italiano sob o governo de Meloni foi um dos países imperialistas que decidiu não reconhecer a Palestina como Estado independente nesta última semana.

Ainda na segunda-feira (22), a emissora Rai noticiou que manifestantes em Pisa invadiram a via expressa Florença-Pisa-Livorno, bloqueando o tráfego em direção ao mar, detalhando que milhares de pessoas entraram na rodovia a partir do cruzamento perto do aeroporto e ocuparam completamente a faixa voltada para o mar, paralisando o trânsito. 

Na quarta-feira (24), dois dias após as manifestações, o ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, condenou demagógica e cinicamente os recentes ataques com VANTs (drones) a quatro barcos da Flotilha da Liberdade (perpetrados no dia anterior), e, diante da crise, teve de autorizar o envio imediato da fragata polivalente Virginio Fasan para auxiliar os cidadãos italianos a bordo. A decisão foi tomada após consulta com o Chefe do Estado-Maior da Defesa, general Luciano Portolano, e com o Primeiro-Ministro Giorgia Meloni, e comunicada ao adido militar das forças israelenses de ocupação na Itália.

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