Brasil

A obrigação fundamental de ter a cabeça no lugar

ONGs como a 342 Artes nos atos contra PEC das Prerrogativas deveria mostrar que oposição a ela vem do imperialismo, mas esquerdistas 'esqueceram' a história recente do País

No artigo A obrigação fundamental de ir às ruas hoje, publicado no último dia 21 no portal Brasil 247, o jornalista Paulo Moreira Leite declara seu apoio às manifestações convocadas pelas ONGs imperialistas para o último domingo (21). Para o colunista, as mobilizações previstas para acontecerem ao longo do dia seriam necessárias para combater o fascismo e a extrema direita. O problema, porém, está nos detalhes.

O coletivo 342 Artes, fundado pela produtora cultural Paula Lavigne, foi responsável pela produção da peça convocatória estrelada pelo músico Caetano Veloso. Esse mesmo coletivo é ligado à ONG Washington Brazil Office (WBO), uma entidade que conta com a gestora cultural e coordenadora do 342 Artes Mari Stockler como uma de suas conselheiras.

Conforme informações do sítio oficial do WBO, a organização é financiada por fundações como a Open Society, a Action for Democracy e o Instituto Clima e Sociedade. Um novo “Não vai ter Copa” está em marcha no Brasil, mas longe de lembrar o passado recente e aprender com os erros, o colunista de Brasil 247 se sai com:

“Na democracia sob ameaça permanente de nossos dias, cada minuto de silêncio, cada gesto de passividade, representa um alívio para as forças que trabalham noite e dia para emparedar o governo Lula e enfraquecer nossa democracia, arrastando o país a um abismo onde a luta pelos direitos e garantias do povo se tornará ainda mais difícil e precária.”

Aqui, é preciso lembrar que as forças que trabalham noite e dia para emparedar o governo Lula não são as que estão sendo combatidas nessa manifestação. Não são os bolsonaristas que estão sabotando o governo Lula e impedindo ele de governar.

Essa sabotagem está vindo de dentro da própria máquina, na famigerada “frente ampla”, agrupamento que inclui dos aliados direitistas aos ongueiros. Exatamente esses os protagonistas da convocação para os atos de hoje. Trata-se de um setor da direita que não está ligado ao bolsonarismo, mas justamente à fração mais poderosa do campo, sendo geralmente identificados como a “democracia”, aqui e no resto do mundo: o imperialismo.

É a mesma fração da burguesia que sem provocar muito alarde, bloqueou a exploração petrolífera na Margem Equatorial se valendo da demagogia ambiental, impôs a política de juros criminosa do Banco Central, responsável por repasses trilionários para os bancos e pela estagnação econômica, que não produziu outra coisa além de uma desmoralização acentuada do governo. Esse é o setor que está emparedando o governo Lula, e é exatamente esse setor que está convocando as manifestações de hoje.

O fato de Leite e o conjunto da esquerda pequeno-burguesa se entusiasmar com a emergência de atos que pedem mais repressão estatal só reforça o quanto as direções da esquerda se encontram dominadas. Sequer conseguem ligar fatos facilmente constatados em uma rápida busca na internet, ou explicar como podem ser favoráveis aos trabalhadores e estudantes manifestações apoiadas por porta-vozes tradicionais do imperialismo como Globo, Folha e Estadão.

As reivindicações, por sinal, são as mesmas que, durante meses, as organizações da esquerda pequeno-burguesa tentaram emplacar, fracassando miseravelmente em todas, o que obrigou a entrada em cena das ONGs e do imperialismo. Alheio às evidências claras de que se tratam de manifestações convocadas pelos inimigos do povo, Moreira Leite continua:

“Essa consideração fundamental justifica o comparecimento, em todo o país, às mobilizações já marcadas para confrontar e derrotar uma sórdida conspiração fascista que ameaça se espalhar pelo país, com o único objetivo de reforçar a dominação do imperialismo sobre a maior nação da América do Sul.”

Derrotar a dominação imperialista é, sem dúvida, uma razão importante para ir às ruas, a questão aqui seria saber se a mobilização que o jornalista defende está enfrentando essa dominação ou efetivamente reforçando. As ONGs que estão convocando os atos são criações da mobilização popular ou são partidos políticos disfarçados financiadas pelo inimigo que o jornalista quer ver derrotado?

Essa consideração, sim, é fundamental, porque dela se obtém a resposta sobre quem é, de fato, a força social por trás das manifestações que pedem o recrudescimento do punitivismo estatal. No caso em questão, a pergunta é meramente retórica. Sendo ONGs como a 342 Artes agências financiadas com o dinheiro dos monopólios, o que está sendo feito no último dia 21 e o que Leite defende não é a luta contra a dominação imperialista, mas sim o aprofundamento da ditadura mundial contra o Brasil.

Isso é o que as mobilizações vão ajudar a fazer, não importa o que Leite pense, não importa o que a esquerda pense e não importa o que pensam os muitos manifestantes, certamente bem intencionados em sua maioria, mas ludibriados por uma direção política capituladora, que longe de orientar o povo, o desorienta, evidencia já não estar com a cabeça no lugar (no mínimo), colocando trabalhadores e estudantes sob o domínio político de seus piores inimigos. Cometer erros já cometidos é a forma segura de ver desastres repetidos, e se é o que Leite e a esquerda pequeno-burguesa querem, de fato, ir às ruas no dia 21 é “uma obrigação”. Alguma dúvida?

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