As articulações na Câmara dos Deputados após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro tornaram mais evidente que se trata de uma manobra política, mais um golpe contra o povo brasileiro. A imprensa capitalista já noticia que, nos bastidores de Brasília, costura-se uma articulação para que Bolsonaro apoie explicitamente, ainda em 2025, uma possível candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) à presidência.
Em contrapartida, os parlamentares pressionariam, como já vem acontecendo, pela aprovação de uma anistia intermediária que possa beneficiar Bolsonaro, condenado a mais de 27 anos de prisão, sem que isso garanta a possibilidade de que ele possa ser candidato.
Segundo o jornal Estado de S. Paulo, uma liderança do PSD e de outros partidos do bloco afirmou que uma anistia que reabilite Bolsonaro para concorrer às eleições é inviável. No entanto, é possível um texto que pelo menos o retire do regime fechado. As articulações envolvem também a discussão sobre por qual partido Tarcísio concorreria e qual a estratégia para garantir a continuidade do mesmo bloco no governo de São Paulo.
Outra movimentação importante é o progressivo afastamento da direita tradicional em relação ao governo Lula, uma clara mudança de postura. De uma relação relativamente neutra, mesmo participando do governo (isto é, sem nunca defendê-lo efetivamente), para uma posição de contrariedade aberta. Gilberto Kassab, presidente do PSD, afirmou, em um encontro do setor equino no interior de São Paulo, que a “centro-direita” estará unida contra o PT. Segundo Kassab, “Lula está perdendo o centro. Se tivermos juízo e soubermos entender que o projeto que vai vencer as eleições do Brasil é um projeto que una a direita e o centro, nós vamos vencer”.
Na semana passada, o PSD também reafirmou as pré-candidaturas presidenciais dos governadores Ratinho Júnior (PR) e Eduardo Leite (RS), que integram a frente dos governadores da direita, defendida, entre outros, pelo ex-presidente golpista Michel Temer (MDB). Eles se agrupam para apoiar uma chapa da “terceira via” no próximo ano.
A afirmação torna-se mais significativa, tendo em vista que o PSD faz parte do governo, dirigindo atualmente dois ministérios: Agricultura e Pecuária, e Pesca e Aquicultura. Fica claro que o conjunto da burguesia se afasta do governo Lula e atuará em bloco contra a candidatura de Lula, usando a base bolsonarista, valendo-se da chantagem e enganação, para levantar seu candidato.
O processo e a condenação de Bolsonaro, como fica mais que evidente, não passam de uma política para, de um lado, retirar um dos candidatos mais populares da eleição e, de outro, usá-lo para apoiar um candidato impopular contra o candidato mais popular do País. O próximo passo do plano, conseguindo-se o apoio de Bolsonaro, seria intensificar uma campanha ferrenha contra o presidente Lula para diminuir ainda mais sua popularidade.





