Condenação de Bolsonaro

A ‘judicialização da política’ só para os inimigos

Colunista que foi a favor da judicialização da política para prender bolsonaro, diz que a judicialização acaba com a democracia

STF

Ontem, dia 16, foi publicada no portal Brasil 247 uma coluna de autoria do cientista político Emir Sader e intitulada “Judicialização contra a democracia”. Para os desavisados, a matéria assim intitulada poderia se tratar de um texto feito por alguém que se coloca contra travar a luta política nos tribunais. O problema é que Emir Sader vem sendo um dos maiores defensores da política de aliança com o STF para a prisão de Bolsonaro, o que leva seu texto a ser muito contraditório.

Ele inicia a coluna citando alguns golpes militares acontecidos na América Latina, como o de 1955 na Argentina e o de 1964 no Brasil. Na sequência, aponta o golpe fracassado contra Hugo Chavez em 2002 como sendo o último do tipo. Por fim, aponta para um novo tipo de golpes de Estado, feitos através do judiciário, como aparece no trecho a seguir:

A partir daquele momento, a direita mudou sua abordagem para bloquear governos democráticos. Aproveitando o prestígio do Judiciário, supostamente o caminho do direito constitucional, começou a implementar o que veio a ser chamado de “lawfare” ou judicialização da política.

O golpe contra Dilma Rousseff em 2015 no Brasil foi como a inauguração desse tipo de ação. Alegando que ela havia desviado recursos do orçamento, o Congresso votou, por maioria, pelo seu impeachment.

Como continuação desse golpe, acusações foram feitas contra Lula, incluindo suposta má administração imobiliária, que ele teria cometido, levando ao seu indiciamento, condenação e prisão.

A posição de Emir Sader chama muito a atenção, já que contradiz toda sua política dos últimos anos. Ele sugere, por exemplo, que a direita se utilizou de um suposto prestígio do judiciário por parte da população para cometer os golpes mais recentes. No entanto, o que se esperaria de alguém que tem essa posição, é que o indivíduo não gere mais ilusões na justiça da burguesia, arma feita para atacar a população.

Porém, no dia 14, dois dias antes da publicação da matéria em questão, Emir Sader estava comemorando a condenação de Jair Bolsonaro no X, antigo Twitter, republicando publicações como:

https://x.com/zappaannaz/status/1966260156477616281

Já no dia 11, data do golpe de Estado contra Salvador Allende no Chile, Emir Sader publicou que “Bolsonaro foi condenado pelo voto de uma mulher, no dia do golpe no Chile.”. A mulher em questão era Carmen Lúcia, uma das golpistas de 2016.

https://x.com/emirsader/status/1966228005539426359

Qual a posição real de Emir Sader? Ele está contra a judicialização da política, ou está contra a judicialização da política quando os perseguidos são seus aliados políticos?

Repare, por exemplo, no trecho a seguir, tirado da coluna publicada no dia 16:

Foi somente por meio desses golpes de judicialização da política que, com Lula preso, Jair Bolsonaro conseguiu se tornar presidente do Brasil.

É verdade que foi somente por conta do golpe contra Dilma em 2016 e após a continuidade do golpe, na qual o STF impediu Lula de concorrer às eleições de 2018, que Bolsonaro foi eleito. O problema é que a política que Sader defende hoje levará os bolsonaristas a dizerem exatamente o mesmo caso Lula consiga vencer as eleições do ano que vem.

Sader, portanto, defendeu um tribunal de exceção que agiu completamente contra a lei, com um juiz que era vítima, investigador, promotor e juiz ao mesmo tempo, que rasgou a Constituição de 1988 e que legislou no lugar do Legislativo, tudo para que Bolsonaro fosse condenado, para, depois de alguns dias, se dizer contra a judicialização da política.

A manobra, no entanto, parece ser a de tentar lavar a cara do STF com essa coluna. Isso porque Sader critica a judicialização, mas não critica justamente o Judiciário e, chegando ao final de seu texto, tenta criar a ideia de que teria sido o STF o grande salvador de Lula, não a crescente mobilização por sua soltura e as flagrantes irregularidades que fizeram o STF soltar o ex-presidente para evitar uma crise maior:

“Até que o Supremo Tribunal Federal decidiu que sua prisão era inconstitucional, e ele foi libertado em 8 de novembro de 2019. O tribunal reconheceu que as acusações contra Dilma Rousseff e Lula eram infundadas e os declarou inocentes.”

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