A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão é o primeiro passo do golpe eleitoral que a burguesia prepara para o ano de 2026. Com 58 milhões de votos nas eleições presidenciais de 2022, Bolsonaro é, junto a Lula, um dos dois grandes cabos eleitorais do País.
A crise do regime político brasileiro chegou a tal profundidade que é impossível, para o imperialismo, vencer uma eleição sem contar com o apoio de Lula ou Bolsonaro. Por isso, em preparação para as eleições de 2026, o líder de extrema direita, cuja popularidade não para de crescer, foi condenado em um processo-farsa, onde prevaleceram os métodos ditatoriais de Alexandre de Moraes sobre a ausência de provas.
Esse problema já havia aparecido, de maneira mais velada, em 2014. Naquele ano, o imperialismo decidiu se livrar do governo do Partido dos Trabalhadores (PT), mas encontrou uma dificuldade imensa para derrotar Dilma Rousseff. A presidente não era em si uma figura popular, mas contava com o apoio de Lula, o que foi suficiente para vencer as eleições em meio a um processo golpista, que contou com o surgimento da Operação Lava Jato, escândalos de corrupção, presidenciável morrendo em queda de avião e uma campanha virulenta da imprensa burguesa.
Em 2018, a burguesia tentou insistir com seu candidato, Geraldo Alckmin (PSDB). No entanto, o apoio a política neoliberal era ainda menor, graças aos dois anos do destrutivo governo golpista de Michel Temer (MDB). A única opção foi apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro (PL).
Veio 2022 e, por mais que a burguesia se esforçasse, não foi possível emplacar uma candidatura competitiva da “terceira via”. Bolsonaro e Lula ficaram com a esmagadora maioria do eleitorado.
É por isso que a burguesia precisa manipular as eleições de 2026. Com Bolsonaro tornado inelegível, foi dado o primeiro passo para que a “terceira via” se tornasse viável. No entanto, mesmo sem concorrer às eleições, Bolsonaro poderia influenciar decisivamente em seu resultado. Lula, por exemplo, mesmo da cadeia, conseguiu transferir dezenas de milhões de votos a Fernando Haddad.
A prisão de Bolsonaro, portanto, cumpre outro papel: o de forçar o líder da extrema direita a um acordo. Condenado a 27 anos de cadeia, o ex-presidente poderá acabar cedendo a pressão que já há para que ele apoie Tarcísio de Freitas à presidência da República. Essa pressão fica evidente no gesto do próprio Tarcísio, que se comprometeu publicamente em indultar Bolsonaro caso fosse eleito.
Ainda que os setores governistas hoje comemorem a prisão de Bolsonaro, Lula e a esquerda não irão ganhar com isso. O grande vitorioso é a burguesia, que avança no “Plano T”, o plano Tarcísio de Freitas.





