No artigo Mais uma vez Lula fala pela nação brasileira, o jornalista Paulo Moreira Leite, do Brasil 247, sai em defesa da política atual do governo diante da sua crise com o governo norte-americano. O jornalista começa citando a seguinte declaração de Lula:
“Não somos e não seremos novamente colônia de ninguém. Somos capazes de governar e de cuidar da nossa terra e da nossa gente, sem interferência de nenhum governo estrangeiro.”
Como declaração em abstrato, a posição é correta. Formalmente, o Brasil é um país independente e não deveria se submeter aos interesses de nenhum outro país. A questão é: a política de Lula conduz a uma independência real?
Moreira Leite diz que, “numa conjuntura na qual a América do Sul enfrenta uma das mais graves ameaças ocorridas em qualquer época da existência humana, em um processo destrutivo comparável aos eventos descritos nos estudos sobre a Colonização do Novo Mundo nos séculos XVI e XVIII, a firmeza de Lula representa uma combinação necessária de consciência e coragem para enfrentar o indispensável esforço de reconstrução do país e da região”.
A ameaça maior contra a América do Sul neste momento é o envio de navios de guerra dos Estados Unidos para a costa da Venezuela, país cujo regime o imperialismo considera “ilegítimo”. Diante desta ameaça, que faz Lula?
Passado quase um mês de ameaça, o governo se mostrou incapaz de emitir uma nota oficial declarando apoio à Venezuela e denunciando a ingerência norte-americana. A ameaça é real: os Estados Unidos assassinaram sumariamente 11 venezuelanos no Mar do Caribe. E essa mesma ameaça contra a Venezuela também o é contra o Brasil. Afinal, as tropas mobilizadas para uma possível invasão da Venezuela estarão na fronteira com nosso País.
Enquanto o governo não se pronuncia, Lula se pronunciou. E deu uma das declarações mais lamentáveis. O presidente declarou “neutralidade” na crise entre o imperialismo e a Venezuela, dizendo-se um defensor da “paz”. Isto é, abandonou o povo vizinho e aliado dos brasileiros à própria sorte.
O pior é que nem mesmo defender o Brasil o presidente está fazendo. A declaração é incrivelmente tímida: o governo norte-americano acaba de sugerir que pode invadir militarmente o País, mas Lula, em sua declaração, é incapaz de dizer claramente quem o ameaça. É a continuidade de sua política diante das tarifas, na qual o governo procurou negociar, em vez de suspender as relações.
No fim das contas, a única coisa concreta que Moreira Leite consegue apontar sobre a suposta defesa da “soberania” é a continuidade do julgamento de Jair Bolsonaro (PL):
“Esta é a tarefa urgente e necessária, na hora dramática de um povo que tem o direito de apurar e punir o comportamento de quem traiu suas responsabilidades numa hora de tantos perigos e exigir: sem anistia! Mais uma vez, o que está em jogo no destino do país é a devida apuração de responsabilidades e a necessária proteção ao regime democrático.”
É tudo o que o governo tem a dizer: defendemos a soberania porque defendemos o Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, a defesa dos métodos do STF não é a defesa do País. Pelo contrário, é a defesa da instituição mais infiltrada e corrompida pelos inimigos do povo brasileiro.




