Em artigo publicado pelo Brasil 247, o sociólogo Marcelo Zero, assessor da liderança do Partido dos Trabalhadores (PT) no Senado, expressa sua revolta contra a medida reacionária da Suprema Corte dos Estados, que “simplesmente suspendeu a ordem de uma juíza da Califórnia que proibia agentes da ICE (a polícia de imigração) de prenderem pessoas, em Los Angeles, com base em racial profiling, isto é, prender indivíduos pela sua aparência, sotaque etc”.
A medida, obviamente, fortalece a ação ilegal dos policiais norte-americanos, que agora terão carta branca para intimidar, reprimir e prender uma população que já é bastante perseguida nos Estados Unidos. O que chama a atenção neste artigo, no entanto, é que, por causa desta medida relativamente secundária, Zero chega à conclusão de que “a democracia dos EUA acabou”.
A medida não é uma invenção qualquer da Suprema Corte ou do trumpismo. Ela parte de um fato material: os imigrantes são cidadãos de segunda categoria nos Estados Unidos. Para toda a burguesia norte-americana, é mais vantajoso manter os imigrantes em uma situação de miséria e repressão. Por isso, toda a burguesia norte-americana tem uma política muito fascista em relação aos imigrantes.
Cerca de 1/3 dos detentos nos presídios norte-americanos são imigrantes. Esse dado, por si, já mostra que, embora houvesse a decisão anterior em Los Angeles, a situação dos imigrantes era péssima. A medida da Suprema Corte, ainda que reacionária, não representa em si uma mudança de qualidade.
Os governos anteriores a Donald Trump eram igualmente ou até mais perigosos. Foram os governos que implementaram o o Ato Patriótico, que perseguiram Julian Assange, que iniciaram a guerra da Ucrânia. Quando Zero diz que “a democracia acabou”, ele está, na verdade, dizendo: o governo do Partido Democrata acabou.




