Aproximadamente 350 reservistas do exército israelense firmaram declaração, negando a se apresentar ao serviço militar, recusando o plano do atual gabinete do governo de “Israel” para ocupar a cidade de Gaza, na Palestina, qualificando-o como ilegal e perigoso.
Em uma conferência de imprensa ocorrida nesta segunda-feira (2), Ron Feiner, reservista e membro da organização Soldados pelos Sequestrados, declarou que a “decisão de lançar uma ocupação final de Gaza é completamente ilegal e põe em risco os reféns, soldados e civis”. De acordo com o jornal israelense Haaretz, os 350 reservistas israelenses firmaram uma declaração pública negando acatar às ordens do governo para ocupar completamente a cidade de Gaza, na Palestina. Esta declaração expõe o descontentamento entre os militares e as políticas oficiais do governo de “Israel” em sua guerra genocida.
Feiner ainda reafirmou que os soldados reservistas, que firmaram a declaração, não irão cumprir com nenhuma possível “Ordem N° 8”, que os chamaria novamente ao serviço, afirmando que a ocupação em Gaza não se justifica, nem de modo operacional, nem de segurança, descrevendo a medida adotada como uma “política, perigosa e ao serviço de uma minoria extremista às custas da segurança dos colonos”. O reservista também destaca que os altos funcionários militares, tanto atuais como antigos, incluindo o Chefe do Estado Maior e o Chefe do Conselho de Segurança Nacional, têm advertido que a operação proposta poderia pôr em perigo os prisioneiros em Gaza, piorando o sofrimento dos civis e aprofundando a crise humanitária na Faixa de Gaza. Outro reservista, Dor Menachem, disse “os mesmos valores que nos levaram a abandonar nossas casas e famílias em 7 de outubro agora nos levam a dizer chega”.
O sargento da reserva e médico Max Kresch, que está à frente do grupo de reservistas, afirmou, na coletiva de imprensa: “recusamo-nos a participar da guerra ilegal de Netanyahu e vemos como um dever patriótico recusar e exigir responsabilidade de nossos líderes”. Ele criticou o governo israelense liderado por Benjamin Netaniahu, acusando-os de não assumir a responsabilidade dos acontecimentos de 7 de outubro. “Continuar a guerra ameaça a segurança do Estado e o futuro de todos nós”, afirmou. O grupo anunciou planos para o estabelecimento de um acampamento como forma de protesto frente à Kirya, a sede militar do exército, de quarta-feira (11) até sábado (13), exigindo o fim da guerra e o regresso dos prisioneiros.
Entre os motivos apresentados pelos reservistas, estão queixas de quantidade de dias que já passaram em algumas frentes de batalha. Além de Gaza, muitos convocados já foram deslocados para Cisjordânia e o Líbano, prejudicando suas relações familiares, carreiras profissionais e planos de estudos. Também ex-soldados relataram problemas de estresse pós-traumático após servirem ao exército israelense, refletindo uma situação de crescente fadiga e dissidência nas filas das forças armadas. Estas afirmações e as negativas de centenas de soldados reservistas de se prontificarem, constitui um desafio crescente à política de ocupação da Palestina e reflete o profundo mal-estar geral nos círculos militares israelenses.
Os comandantes também têm apresentado dificuldades para reunir reservistas suficientes para finalizarem as missões. Depois de quase dois anos de permanentes combates em várias frentes ao mesmo tempo, a fadiga tem se tornado comum, com um número cada vez mais frequentes de tropas questionando o propósito e a legitimidade do genocídio.
O exército procura convocar, de todas as formas, aproximadamente 60.000 reservistas de sua vida civil, interferindo em seus trabalhos, estudos universitários e suas famílias. De acordo com o levantamento realizado pelo The Wall Street Journal, com mais de 30 oficiais e soldados entrevistados, a moral pública tem se deteriorado rapidamente e muitos advertem que a força israelense está em uma situação crítica, podendo entrar em colapso a qualquer momento.





