Depois de centenas de dias de serviço militar, que os deixaram exaustos, o número de soldados da reserva israelense que se alistam diminuiu, enquanto outros se recusam a lutar em uma guerra na qual já não acreditam, informou o jornal norte-americano The New York Times, um dos mais importantes porta-vozes do imperialismo.
“Israel” se prepara para convocar dezenas de milhares de reservistas para sua invasão da Cidade de Gaza, mas autoridades militares admitem que não está claro quantos atenderão ao chamado após quase dois anos de guerra.
Nos últimos meses, um número crescente de reservistas israelenses tem deixado de se apresentar ao serviço. Alguns citam exaustão, além da necessidade de salvar casamentos em crise ou carreiras em declínio, enquanto outros expressam crescente desilusão com a guerra.
O crescente descontentamento dentro das fileiras militares ameaça complicar o plano do primeiro-ministro Benjamin Netaniahu de ocupar a Cidade de Gaza em uma tentativa desesperada de “esmagar decisivamente” o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), já que o exército anunciou que pretende convocar mais 60 mil reservistas e estender o serviço de outros 20 mil.
Além da guerra em Gaza, o exército israelense permanece engajado em múltiplas frentes adicionais, com soldados realizando ataques e patrulhas no sul do Líbano e na Síria, ao mesmo tempo em que intensifica grandes incursões em cidades palestinas na Cisjordânia.
A ausência de números oficiais sobre desistências de reservistas nas forças israelenses tem obscurecido a real dimensão dessa tendência. A dificuldade de mensurá-la foi exemplificada em maio, quando um alto oficial militar, em depoimento a uma comissão parlamentar, reconheceu alguma evasão, mas sustentou que a grande maioria dos reservistas ainda atendia ao chamado.
Quatro soldados que conversaram com o The New York Times nos últimos meses teriam afirmado que o moral em suas unidades continua alto e que a disposição de lutar persiste. No entanto, cerca de uma dúzia de outros oficiais e soldados descreveram unidades esgotadas e em declínio, com pelo menos dois relatando que entre 40% e 50% de seus colegas reservistas não retornaram ao serviço.
Um soldado relatou que a presença em sua companhia de 100 homens caiu gradualmente para apenas 60%, um declínio que ele e outros atribuíram ao aumento de tensões domésticas ligadas ao cuidado com os filhos, a problemas crescentes em suas carreiras civis e a questões de saúde mental. O militar observou que o exército israelense passou a oferecer incentivos aos reservistas, em que suas unidades são destacadas por uma semana, seguida de duas semanas de folga remunerada.





