Valéria Guerra

Jornalista (UMESP), historiadora, atriz com DRT-RJ, escritora, colunista do 247, PCO, e do meu site (https://guerraluz.prosaeverso.net/); mestre em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e na Educação; professora do Estado do RJ na cadeira de biologia, poetisa e ativista contra a desigualdade no Brasil e no mundo.

Coluna

O povo brasileiro não é ‘meme’ de desesperança

Expor aos oprimidos a verdade sobre a situação é abrir-lhes o caminho da revolução”.

 

Rua do Catete, coração que pulsa nas imediações do Flamengo e de Laranjeiras, bairros da zona sul do Rio de Janeiro, localizações ditas privilegiadas; foi lá que vi, recentemente, em uma calçada, um cartaz improvisado de papelão que chamou minha atenção: “POR FAVOR, INTEIRE O MEU JANTAR”.

Quem segurava o apelo escrito? Um homem sem camisa, de shorts, cabelo escorrido, branco, rosto sofrido. Ele não pedia, oralmente, absolutamente nada. Pensei se tratar de um estreante tímido, envergonhado, porém com fome. Alguém ao meu lado sussurrou: “Ele é professor. Está morando na rua há pouco tempo.”

A expressão daquele ser humano traduzia um sentimento de desesperança.

A quem será que ele entregou sua cidadania, sua identidade? Quem é o seu representante democrático, seu agente político, que não enxerga a sua dor? Em que mesa farta ele sorve o melhor manjar?

Ruas lotadas de abandono, na cidade vendida como “maravilhosa”. Com certeza, aquele professor, que só quer que alguém coopere para que ele possa jantar, um dia já votou. Será que ele acreditava que seus problemas sociais e econômicos seriam resolvidos?

Vi também, e tal fato é igualmente recente, uma senhora cair à minha frente e bater o rosto no chão. Graças a Deus, não houve dano fatal. Naquele dia, meu filho a levantou, pegou seus óculos e, em seguida, perguntou se ela queria ajuda. Mas ela respondeu: “Não, meu filho, estou bem. É que vim da UPA, muito tonta, preocupada com minha saúde, quase fui assaltada. Além disso, tive um café da manhã precário; só quero chegar em casa e descansar.”

O reduto ao qual me refiro é cartão-postal no mundo. No entanto, tais indivíduos estão passando por intensas dificuldades, na sarjeta.

“Em 2025, o valor do salário mínimo nacional está vigente em R$ 1.520,00, após atualização ocorrida no início do ano. O debate sobre um novo aumento segue presente no Congresso Nacional. Um projeto de lei tramita com a proposta de elevar o salário mínimo para R$ 1.630,00, o que representa uma alta de 7,37% em relação ao valor atual.”

Prestem bem atenção: existe um projeto tramitando na Câmara, na Casa do Povo, para aumentar irrisoriamente o já irrisório salário mínimo em apenas 100 reais. Enquanto isso, veja, leitor, o fragmento ao lado: “A Operação Lei do Retorno, deflagrada pela Polícia Federal, investiga o desvio de recursos da educação por meio de fraudes em licitações municipais. Entre os principais alvos da operação estão a deputada estadual Daniella (PSB) e o namorado dela, o ex-prefeito de Caxias e secretário de Agricultura e Pecuária do Maranhão, Fábio Gentil.”

Que caos, hein? Como sobra algo para você, meu caro professor, que precisa jantar, ou para você, senhora que sofreu uma queda por falta de um nutritivo café da manhã?

Será que a doença da baixa autoestima do povo brasileiro nunca será curada?

Sigamos a receita de Léon Trótski, e talvez haja essa cura:
“A vida é bela. Que as futuras gerações a livrem de todo mal e opressão, e possam desfrutá-la em toda sua plenitude. Ela virá, a revolução conquistará a todos o direito não somente ao pão, mas também à poesia. Expor aos oprimidos a verdade sobre a situação é abrir-lhes o caminho da revolução.”

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