Nesta segunda-feira (25), o ministro do Interior, Justiça e Paz da República Bolivariana da Venezuela, Diosdado Cabello, anunciou o envio de 15 mil homens para a fronteira com a Colômbia. Ele afirmou que o reforço operacional especial foi ordenado pelo presidente Nicolás Maduro, que “decidiu ativar imediatamente a zona de paz número um, que inclui os estados de Táchira e Zulia, e ordenou, em uma primeira fase, um envio de 15.000 homens e mulheres em todo o lado venezuelano para garantir a paz em todo o território, porque se eles quiserem entrar pela fronteira, não vão conseguir”.
Cabello especificou que “este envio já está começando com o esforço especial de tropas, aviação e VANTs [veículos aéreos não tripulados] para a proteção de nossas fronteiras, garantir a segurança, combater as narcobandas e proteger a soberania da pátria junto ao povo”.
Na mesma linha, o ministro pediu ao governo colombiano que “faça o mesmo para garantir a paz em toda a área e despejar quem quiser se estabelecer para cometer crimes na zona de fronteira”.
Cabello também informou sobre a criação de duas Zonas de Paz, as quais, segundo ele, “cobrirão do lado venezuelano toda a fronteira com nossa irmã Colômbia”.
O ministro do Interior, Justiça e Paz, também apresentou um balanço das operações que vêm sendo realizadas pelas forças de segurança do Estado, destacando especialmente o trabalho das Unidades de Reação Rápida de Combate (URRA), enviadas para todo o território a fim de manter a paz e a estabilidade da nação.
O ministro compartilhou em detalhes os resultados da “Operação Estratégica Escudo Bolivariano” entre janeiro e agosto de 2025, destacando a apreensão de 52.769 quilogramas (Kg) de drogas e 153.118 kg de precursores químicos. Além disso, ele mencionou a neutralização de 400 aeronaves e a destruição de 92 pistas clandestinas, 54 laboratórios e 10 acampamentos. Cabello detalhou que, no combate ao narcotráfico, foram apreendidos 480 fuzis, dos quais 22 eram de fabricação americana, e 6.284 pessoas foram presas.
Com base em um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), o ministro afirmou que a Venezuela é um país livre de cultivos e laboratórios de drogas, e que apenas cinco por cento do tráfico de narcóticos tenta sair pelo seu território, enquanto 87% da droga colombiana se move pelo Pacífico através do Peru e do Equador, países que hoje são controlado por ditaduras.
Em seu discurso, ele acusou a Administração de Repressão às Drogas (DEA, na sigla em inglês) de controlar o fluxo de drogas para os Estados Unidos e apontou que a direita venezuelana, como María Corina, ligada a figuras políticas colombianas como o ex-presidente Álvaro Uribe e Gustavo Duque, se alia ao narcotráfico. Ele afirmou que esses setores buscam transformar a Venezuela em um “paraíso para o narcotráfico”.
Cabello finalizou enfatizando que as Forças Armadas e policiais da Venezuela continuarão com suas operações para “garantir a paz” e que o povo não se renderá diante das ameaças.
Apesar do discurso sobre o combate ao narcotráfico, o deslocamento das tropas corresponde, na verdade, à necessidade de defender a Venezuela diante das ameças do imperialismo norte-americano. Na última semana, o governo dos Estados Unidos enviou uma frota de guerra para a costa venezuelana e afirmou que o governo Maduro seria “ilegítimo”.
Ainda que a Colômbia seja governada por um presidente de esquerda, o país é a principal base norte-americana na América do Sul. A Colômbia, historicamente, tem atuado como um parceiro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e poderia ter um papel importante em uma guerra contra a Venezuela, mesmo à revelia do presidente Gustavo Petro.
Embora não tenha citado diretamente a Venezuela, nem os Estados Unidos, o presidente colombiano Gustavo Petro declarou recentemente que:
“Estão usando o narcotráfico como desculpa para invasão militar. (…) É absolutamente essencial que os Ministérios de Defesa, Exércitos e inteligências policias dos países sul-americanos e latinos possam se coordenar no combate ao narcotráfico e da máfia, que são os inimigos da floresta Amazônica.”
No último final de semana, o governo venezuelano comemorou o alistamento de milhares de jovens para defender a nação contra as ameaças norte-americanas.




