O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, publicou em sua rede social uma dura crítica ao Tribunal Supremo Eleitoral (TSE). Segundo ele, quase 1,5 milhão de votos brancos e nulos foram “ocultados” dos resultados oficiais, o que revela a ilegitimidade do processo eleitoral.
Morales afirmou que, quando esses votos são incorporados à contagem real, o quadro político muda: “a ilegitimidade do processo eleitoral fica em evidência e Jorge Quiroga é deslocado para o segundo lugar”, escreveu.
De acordo com os dados divulgados por Morales, o voto nulo foi a opção mais votada em Cochabamba, com 35%, e ficou em segundo lugar em La Paz, Oruro e Potosí. Ele destacou ainda que, somando brancos e nulos, em todos os departamentos esse voto superou os candidatos Andrónico Rodríguez e Eduardo Castillo juntos.
O ex-presidente apontou que o voto nulo e branco venceu em 179 dos 343 governos locais do país (52%), sendo que somente o nulo se impôs em 137 municípios (40%). Em Cochabamba, teria triunfado em 42 dos 48 municípios, e em regiões como Chuquisaca, Potosí e Pando superou a metade das localidades.
Morales também chamou atenção para as eleições legislativas: “das 63 circunscrições uninominais, somente o voto nulo venceu em 22, e a soma de brancos e nulos venceu em 47 de 63”, denunciou. Em algumas circunscrições, como no Trópico e no Norte de Potosí, candidatos foram eleitos com apenas 5% ou 8% dos votos, enquanto os nulos e brancos chegaram a superar 70%.
Para o ex-presidente, trata-se de um “grave conflito de legitimidade”, já que a maioria da população teria rejeitado o processo eleitoral.
Morales afirmou que os números confirmam que a população não endossa a decisão de sua inabilitação judicial: “mesmo em condições adversas, a maioria optou por expressar sua força nas urnas e ratificar que continuamos sendo a primeira força territorial do país”.
Ele também agradeceu aos eleitores bolivianos no exterior, ressaltando que os votos nulos e brancos se impuseram em várias localidades fora da Bolívia. “A voz do povo não tem fronteiras nem pode ser silenciada”, concluiu.
Leia o texto na íntegra:
O povo escolheu o voto nulo contra a corrupção, a traição, a perseguição e a privatização.
No entanto, o TSE apresenta resultados que ocultam quase 1,5 milhão de votos brancos e nulos, como se não existissem. Quando esse voto é incorporado à contagem real, a ilegitimidade do processo eleitoral fica em evidência e Jorge Quiroga é deslocado para o segundo lugar.
Essa é a força do povo e essa é a verdade que eles tentam silenciar.
O voto nulo e branco foi a opção mais votada em Cochabamba com 35% e a segunda em La Paz, Oruro e Potosí. Em todos os departamentos, o voto nulo derrotou Andrónico Rodríguez e Eduardo Castillo juntos.
Esses resultados mostram que, mesmo em primárias abertas ou fechadas de verdade, o povo nos teria dado a vitória; por isso, buscaram nos proibir manipulando a justiça, porque sabiam que as urnas nos dariam a vitória.
Nosso poder territorial se expressou de forma contundente nestas eleições. Dos 343 Governos Locais (335 municípios e 8 Governos Indígenas), o voto nulo e branco venceu em 179, ou seja, em 52% do território nacional. Somente o voto nulo se impôs em 137 Governos Locais (40%).
Em Cochabamba, triunfou em 42 de 48 municípios, e em Chuquisaca, Potosí e Pando superou 50% dos municípios. Esses dados mostram com clareza que o povo não endossa a proibição nem a traição: mesmo em condições adversas, a maioria optou por expressar sua força nas urnas e ratificar que continuamos sendo a primeira força territorial do país.
Os resultados revelam um grave conflito de legitimidade.
Das 63 circunscrições uninominais, somente o voto nulo venceu em 22, e a soma de brancos e nulos venceu em 47 de 63.
Assim, enquanto o povo rejeitou massivamente este processo, há deputados eleitos com apenas 5% ou 8% dos votos, como na C-24 do Trópico e na C-39 do Norte de Potosí, onde o nulo e branco superou 70%.
Em pelo menos 15 circunscrições, mais de 50% dos eleitores votou nulo ou branco.
A verdade é clara: impõe-se a proibição, não a vontade popular.
Nosso profundo reconhecimento aos compatriotas no exterior que, com dignidade e consciência, fizeram com que a traição e a proibição não passassem despercebidas. Graças ao seu compromisso, o voto nulo e branco se impôs também fora de nossas fronteiras, demonstrando que a voz do povo não tem fronteiras nem pode ser silenciada.




