As crescentes ameaças do governo norte-americano à Venezuela são gravíssimas. As tensões começaram a aumentar a partir do anúncio, por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma recompensa de 50 milhões de dólares pela captura do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Anúncios semelhantes a esse, com valores menores, já haviam sido feitos, sem necessariamente levar a consequências importantes.
No entanto, as ameças não pararam por aí. O governo norte-americano, sob o conhecido pretexto da “guerra às drogas”, anunciou que iria enviar embarcações militares para a região do Caribe. Em vídeo publicado no dia 19 de agosto, o jornalista Breno Altman, em seu canal Opera Mundi, declarou:
“Está prevista para o dia 20 de agosto a chegada de três destróieres da classe Harleigh Burk: o USS Gravely, o USS Jason Dunham e o USS Sampson. Esses três navios, equipados com o sistema de combate Aegis, não foram projetados para missões de patrulhamento ou dissuasão de baixa intensidade. Transportam entre 90 e 96 mísseis, entre eles os famosos mísseis Tomahawk de cruzeiro, com alcance superior a 1.600 km, mísseis para defesa antiaérea e mísseis antinavio Harpoon, o que lhes confere capacidade ofensiva contra alvos terrestres e navais a longas distâncias. Trata-se de meios próprios de uma força em estado de pré-conflito.
Em paralelo ao deslocamento dos destroyers, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos mobilizou o grupo anfíbio de prontidão Iwo Jima, composto pelo navio assalto anfíbio USS Iwo Jima, o navio-doca USS New York e o navio de transporte anfíbio USS Gunston Hall. Juntos, esses navios conseguem transportar mais de 4.000 militares da 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais, além de embarcações completas, além de poder levar embarques completos de veículos blindados anfíbios, baterias de mísseis, baterias de mísseis portáteis, pelotões de reconhecimento e até unidades de comando avançado. As aeronaves embarcadas nesses navios, incluindo helicópteros CH-53, MV-22 e caças AV-8B Harrier, permitem a projeção de forças de intervenção em profundidade em operações coordenadas de desembarque aerotransportado e ataques de precisão. Esse mesmo dispositivo foi utilizado anteriormente nos preparativos para a invasão do Iraque em 2003 e da Líbia em 2011.”
Ao mesmo tempo em que anunciava o envio das embarcações, uma porta-voz da Casa Branca falou publicamente que o governo dos Estados Unidos considerava o governo Maduro como “ilegítimo” e prometeu uma resposta “forte”.
Sentindo-se cada vez mais ameaçado, Maduro reagiu corretamente, mobilizando 4,5 milhões de pessoas da Milícia Bolivariana, indicando que uma guerra pode ser iniciada a qualquer momento.
Os acontecimentos não podem ser subestimados. Mesmo o governo Trump ter tentado evitar o escalamento dos conflitos na Rússia e no Oriente Médio, é possível que haja uma agressão à Venezuela, visto a pressão cada vez maior do imperialismo para uma solução de força contra os regimes rebeldes na América do Sul.
A ameaça é fortíssima e exige protesto no Brasil contra o que está acontecendo. É uma ameaça de bloqueio total à Venezuela, de estrangulamento econômico total, e também uma ameaça de guerra.
A conversa fiada de combate ao “crime organizado” e ao “tráfico de drogas” já é mais do que conhecida. É um expediente do imperialismo para a ingerência sobre os países da América Latina.
O governo Lula já deveria ter se pronunciado contra a presença da frota norte-americana nas águas venezuelanas. É uma violação flagrante, uma ameaça à soberania da Venezuela, muito superior ao que está acontecendo no Brasil em termos de ataque à soberania nacional.
Lula cometeu um erro gravíssimo de não ter reconhecido o governo da Venezuela na época da eleição, em função de sua política de aliança com o Partido Democrata. Agora, vê-se o erro desta política. A ameaça contra a Venezuela paira sobre toda a América Latina. Uma ameaça contra qualquer país da região é uma ameaça direta ao próprio Brasil.




