Bolívia

A traição de Luis Arce e as conclusões para a América Latina

Presidente criou as condições para a vitória da direita

Pela primeira vez em duas décadas, a Bolívia terá segundo turno nas eleições presidenciais. Após o desastroso governo de Luis Arce, do Movimento ao Socialismo (MAS), a direita conseguiu emplacar dois candidatos para a disputa final.

O primeiro dado que chama a atenção neste segundo turno é o fato de ambos os candidatos foram integrantes do governo de Hugo Banzer, que chefiou a Bolívia durante o período mais sanguinário da ditadura militar boliviana. Rodrigo Paz foi adido comercial na embaixada da Bolívia na Espanha e atuou como encarregado de negócios na Organização Mundial do Comércio durante a presidência de Banzer. Jorge Quiroga, por seu turno, foi vice-presidente durante o governo do ditador.

A situação mostra que o sistema eleitoral e o regime representativo boliviano é ainda pior do que em países como o Brasil e a Argentina. Afinal, se, no Brasil ou na Argentina, aparecesse um candidato que fosse representante direto da ditadura, ele não teria chances de ganhar a eleição, pois o repúdios seria gigantesco.

Com o fracasso total do MAS, abriu-se um debate no interior da esquerda latino-americana sobre a postura do ex-presidente Evo Morales, fundador do partido. Em portais como o Brasil 247, foi difundida a ideia de que a esquerda teria fracassado por causa da “ambição” de Morales, o que teria impossibilitado um acordo junto ao atual presidente da Bolívia, Luis Arce. Nada poderia ser mais falso.

Independentemente da política que Morales defenda, o fato é que ele aparece na situação política boliviana como líder de um movimento de massas. A candidatura dele era apoiada pela esmagadora maioria das organizações operárias e camponesas bolivianas. Ele não era candidato de si mesmo. Ele era candidato de um movimento. Postular a candidatura presidencial, neste caso, não era uma ambição pessoal, mas a plataforma política de milhões de pessoas.

Já o candidato de Luis Arce não era candidato de nada, a não ser do próprio aparato presidencial. O candidato do governo teve 3,2% dos votos e Evo Morales, que chamou o voto nulo, em condições extremamente desfavoráveis, sob uma intensa perseguição judicial, obteve 20% dos votos na eleição. Na última eleição, o voto nulo foi de apenas 3%, o que mostra claramente que a esmagadora maioria das pessoas que anularam o voto seguiram o ex-presidente boliviano.

O chamado ao voto nulo também não foi um chamado individual de Evo Morales, foi um chamado dessas organizações que sabiam que elas tinham sido excluídas da eleição. Não foi Evo Morales apenas que foi excluído, mas as grandes organizações dos trabalhadores bolivianos.

A postura de Arce é uma repetição do mesmo fenômeno que foi visto no Equador com a traição de Lenín Moreno a Rafael Correa. Arce trabalhou para entregar o governo para a direita pró-imperialista. Ele fez de tudo para impedir Evo Morales de ser candidato, de chegar a um acordo.

Luís Arce, quando eleito, não era um representante das massas bolivianas. Ele era um representante da direita da burocracia do MAS e só conseguiu se eleger graças ao prestígio de Morales. Arce era um candidato de compromisso com os golpistas.

Esta é uma política geral do imperialismo na América Latina. A segunda onda de governos esquerdistas — Gabriel Boric, Alberto Fernández, Gustavo Petro e Claudia Sheinbaum — são processos semelhantes e que tendem levar ao mesmo resultado.

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