No dia 8 de agosto, tropas do batalhão de operações especiais (BOPE) da Polícia Militar de Rondônia (PM-RO) assassinaram mais um camponês.
O crime foi perpetrado na Área Valdiro Chagas, localizada na cidade de Machadinho d’Oeste. Conforme denúncia da Abrapo (Associação Brasileira de Advogados do Povo – Gabriel Pimenta), durante a ação a PM realizou “voos rasantes com helicópteros e efetuaram diversos disparos de arma de fogo na região, aterrorizando as famílias que vivem e trabalham na terra”.
Em suas redes sociais, o comandante-geral da PM-RO, Régis Braguin, afirmou ter “neutralizado um terrorista da LCP”, vangloriando-se do assassinato, bem como classificou a Liga dos Camponeses Pobres como uma “organização criminosa armada que se disfarça de movimento social”, bem como acusa o grupo, sem qualquer provas, de ter ocupado o local “com estruturas de guerrilha” e de usar “estratégias de guerrilha para sua atuação violenta”.
Há um mês, em outra publicação, Braguin já havia disto que “para mim, a LCP deveria ser tipificada como terrorista; o Direito não prevê isso, o que é um pesar, mas assim sendo, na performance policial a gente já vai com essa leitura”
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Em outras palavras, o comandante-geral da PM-RO declara abertamente estar violando as leis do Estado brasileiro, ao tratar a organização camponesa (LCP) e seus membros como terroristas.
A admissão aberta dessa ilegalidade está diretamente vinculada ao fato de o Poder Judiciário brasileiro (tanto o Supremo Tribunal Federal quanto todos os outros tribunais) virem nos últimos anos rasgando a Constituição e as leis brasileiras através de medidas e julgamentos ilegais e arbitrários, ao ponto de que a CF e a legislação brasileira não valem mais nada.
Da mesma forma, a política de classificar a Liga dos Camponeses Pobres como organização criminosa e terrorista, bem como as ocupações de terra como terrorismo, está ligada à tendência de se considerar manifestações e manifestantes como terrorista, como ocorreu com os manifestantes bolsonaristas do 8 de janeiro.
Além disto, segue a política do imperialismo de expandir o conceito de terrorismo para cárteis de drogas. É claro, a LCP não é isto, mas essa expansão do conceito de terrorismo tem como um de seus objetivos eventualmente taxar de terrorismo toda e qualquer forma de luta popular, bem com as organizações populares dos trabalhadores, do camponeses pobres e sem-terra e do povo em geral.
Não bastando, conforme noticiado pelo jornal A Nova Democracia, o já citado comandante-geral da PM-RO aparece, em outro video, ao lado do diretor executivo da APROSOJA-RO (Associação Brasileira dos Produtores de Soja – Rondônia), Victor Paiva, na ocasião em que o latifundiário revela existir uma “parceria público-privada” entre ele e o coronel para realizar um programa chamado “Segurança Rural”. Em outras palavras, uma parceria do “Estado Democrático de Direito” com o latifúndio e seus jagunços (milícias fascistas) para reprimir e assassinar camponeses que lutam pela terra, isto é, por seu direito de trabalhar, ter o que comer e onde morar. Veja o vídeo:
Em resposta às acusações caluniosas de “terrorismo” e “organização criminosa”, que servem de pretexto para a repressão aos camponeses que lutam pela terra, a LCP, através de sua Comissã Nacional, declarou que “Não nos intimidarão. A Liga dos Camponeses Pobres é formada por trabalhadores que se levantam contra séculos de opressão. Somos o que mais temem: o povo organizado”, bem como denunciou que a recente ação criminosa da PM-RO foi precedida de ataques dos jagunços, dos latifundiários, conforme noticiado pelo A Nova Democracia.




