O Diário Causa Operária realizou uma entrevista exclusiva com a Secretaria de Organização do Partido da Causa Operária (PCO), que falou sobre a nova campanha de filiação nacional da legenda e sobre a situação política em que ela se insere. O Partido destaca que a iniciativa não é apenas uma medida administrativa, mas sim uma resposta direta ao cerco político e judicial que o partido enfrenta.
Segundo seus dirigentes, o PCO vive um processo de perseguição sistemática desde o golpe de 2016 que destituiu a então presidenta Dilma Rousseff.
“Estamos há quase uma década sob um regime de ataques aos direitos democráticos e trabalhistas. A cassação de Dilma abriu caminho para uma escalada repressiva, que atingiu seu auge em 2018, quando a esquerda foi impedida de lançar Lula como candidato. Esse foi um marco da manipulação e da repressão no país.”
Para o PCO, essa ofensiva jurídica “já se arrasta por mais de dois anos e faz parte de uma ofensiva coordenada da burguesia e do imperialismo contra um partido que se coloca como obstáculo à ditadura aberta”. O PCO destaca ainda que medidas anteriores, como o bloqueio das redes sociais do partido e o atraso no repasse do fundo eleitoral, foram passos preparatórios para uma ofensiva mais ampla.
“É a mesma tática usada em 1947 para liquidar o PCB. Inventam pretextos técnicos para justificar aquilo que é, de fato, perseguição política.”
Para a agremiação trotskista, a crise da burguesia no Brasil e a fragilidade de seus representantes tradicionais explicam parte da ofensiva.
“Partidos como o PSDB perderam qualquer apoio popular, sobrevivendo apenas graças ao respaldo de grandes setores burgueses. Enquanto isso, o governo Lula tem acumulado erros e gerado insatisfação em sua própria base, o que abre espaço para uma instabilidade ainda maior.”
Os dirigentes do Partido consideram que o endurecimento do regime se tornou evidente no dia a dia da política nacional.
“Hoje, até uma piada ou uma entrevista podem levar alguém à prisão. O regime se fecha cada vez mais para conter uma insatisfação que já não é apenas da esquerda, mas que atinge setores da própria direita.”
Nesse cenário, o PCO acredita que o Partido incomoda justamente porque representa uma alternativa revolucionária independente da burguesia.
“O que está em jogo é impedir que haja uma força política organizada, capaz de canalizar a indignação popular para uma luta real contra o imperialismo. É por isso que somos alvo prioritário da repressão.”
Diante desse quadro, o Partido decidiu lançar uma grande campanha de filiação nacional. O objetivo, segundo seus dirigentes, é “fortalecer o PCO para que esteja à altura das tarefas que a situação exige”. A meta é conquistar 5 mil novos filiados em todo o País nos próximos meses.
“Queremos transformar a defesa contra a cassação em uma luta ativa pela construção de um partido revolucionário de massas. Para isso, precisamos ampliar nossa base militante e consolidar nossas fileiras.”
A campanha, no entanto, não se limita à filiação. O Partido também planeja uma mobilização financeira nacional. A Secretaria de Organização destacou a importância dessa iniciativa:
“Um partido revolucionário precisa crescer e se estruturar. Estamos organizando uma arrecadação conjunta com a campanha de filiação. Nossa meta é atingir R$ 500 mil ao final da campanha, o que será fundamental para garantir uma estrutura estável em todos os locais.”





