Em artigo publicado no portal Brasil 247, o jornalista Alex Solnik acusa a emissora GloboNews de ferir a Constituição por demitir uma tal de Daniela Lima com base em sua atuação política. No texto, Solnik afirma que a demissão da jornalista “fere a liberdade de expressão de todos os jornalistas” e chega a defender que a emissora cometeu um “ato inconstitucional”. Curiosamente, ele não demonstra o mesmo zelo quando o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de decisões arbitrárias, expulsa cidadãos das redes sociais, prende parlamentares por discursos políticos ou suspende veículos de comunicação sem qualquer julgamento.
Pior: o próprio Solnik defendeu tais medidas em diversas ocasiões. Em outras palavras, para ele, um canal de televisão não pode decidir sua grade de funcionários — mas o Estado pode, sim, calar cidadãos, prender jornalistas e cassar direitos políticos, desde que em nome de uma suposta “defesa da democracia”.
É evidente que a GloboNews — conglomerado empresarial privado — pode contratar ou demitir quem quiser. A liberdade de expressão, no caso, garante que Daniela Lima possa continuar se manifestando por outros meios, sem censura ou perseguição do Estado. E é justamente esse tipo de liberdade que o próprio Solnik defende que seja suprimida, quando se trata de seus adversários políticos.
Solnik escreve: “demitir em razão de opinião é inconstitucional”. Isso é factualmente falso. A Constituição proíbe a censura estatal. Empresas, especialmente da iniciativa privada, não têm obrigação constitucional de manter em seus quadros jornalistas com quem não concordem editorialmente — e isso vale tanto para a GloboNews quanto para a Revista Oeste ou o Brasil 247.
Se há um verdadeiro atentado à liberdade de expressão no Brasil, ele vem do aparato repressivo do Estado — e não de um canal de televisão. Nos últimos anos, diversos parlamentares, jornalistas e cidadãos comuns foram censurados, presos ou banidos das redes sociais por expressarem opiniões políticas, muitas vezes com base apenas em decisões judiciais sumárias e sem direito de defesa.
Daniela Lima, ao ser demitida, pode abrir um canal no YouTube, dar entrevistas, escrever artigos ou se vincular a outro veículo. O mesmo não pode ser dito de jornalistas como o bolsonarista Allan dos Santos, censurados por decisões judiciais — muitas delas celebradas por Solnik e pelo mesmo campo político que agora chora a demissão de uma funcionária da GloboNews.
Ainda que seja uma emissora criminosa, a GloboNews não cometeu nenhuma ilegalidade ao demitir uma jornalista — isto é, de que tenha cumprido com suas obrigações trabalhistas. Já o Supremo Tribunal Federal, com apoio de figuras como Solnik, segue atacando frontalmente os direitos políticos de toda a população.





