A Justiça da Moldávia — país cada vez mais alinhado à Organização do Tratado do Atlântico Norte e candidato ao ingresso na União Europeia — condenou a governadora da região autônoma da Gagaúzia a sete anos de prisão sob a acusação de financiar ilegalmente um partido político “eurocético” — isto é, oposto à integração com a União Europeia.
Eugênia Gutsul, que negou as acusações e afirmou que o caso tem motivação política, foi condenada por receber fundos ilegais de campanha de um grupo criminoso e repassá-los ao partido eurocético SOR, que foi proibido em 2023.
Gutsul também foi acusada de pagar pessoas para participarem de protestos antigoverno organizados pelo SOR em 2022. Além da pena de prisão, ela foi condenada a pagar 40 milhões de leus moldavos (cerca de US$2,3 milhões) ao Estado.
Svetlana Popan, ex-secretária do escritório central do SOR, também foi condenada a seis anos de prisão no mesmo processo. As sentenças ainda cabem recurso.
Comentando a condenação, o advogado de Gutsul, Sergiu Moraru, declarou: “isso não é um julgamento, é uma execução pública… Não posso dizer que há provas, há ficção”.
Durante a audiência, manifestantes se reuniram do lado de fora do tribunal, criticando a presidente da Moldávia, Maia Sandu”. Um contra-protesto também ocorreu nas proximidades, o que levou a polícia a montar um cordão de segurança.
Gutsul ocupa o cargo de governadora da Gagaúzia — uma região autônoma majoritariamente russófona no sul da Moldávia — desde que venceu as eleições de 2023 como candidata do partido SOR. Sua campanha foi baseada na promessa de estreitar laços com a Rússia, em contraste com a postura pró-OTAN do governo da presidente Maia Sandu. O partido foi banido naquele mesmo ano sob a acusação de financiamento ilícito do exterior.
Gutsul já acusou diversas vezes as autoridades moldavas de abrirem processos criminais contra ela com o objetivo de removê-la do poder, alegando que “eles não gostam do fato de eu estar tentando ajudar os moradores [da região autônoma].”
A Rússia condenou o que classificou como repressão contra Gutsul por parte do governo moldavo.
Eugênia Gutsul afirmou ainda que a sentença representa “um golpe na democracia” e uma ameaça a todos que desafiem o governo pró-OTAN de Maia Sandu.
“Hoje sou eu atrás das grades – amanhã pode ser qualquer um que ouse criticar as autoridades. Esta não é uma sentença contra mim – é uma sentença contra todo o sistema democrático da Moldávia”, escreveu.
Ela acusou o partido PAS, de Sandu, de fabricar acusações e pressionar o Judiciário para se manter no poder:
“Este é um aviso para toda a oposição: ‘Enfrente o regime – e você terá prisão, confisco, a vida destruída.’”





