Polêmica

Perseguição a Bolsonaro o tem fortalecido

Jornalista escreve sobre o aumento de tensão entre Legislativo e Judiciário, mas não conclui que isso é uma resposta às ingerências do STF, que age como partido político

Congresso Protesta

O artigo Vigília Choro Livre: extrema direita reage com guerra e obstrução no Congresso, assinado por Sara Goes, e publicado nesta terça-feira (5) no Brasil 247, mostra que setores da esquerda não entenderam o apoio dado ao “ativismo” judiciário do Supremo Tribunal Federal (STF) tem radicalizado o cenário político no País, além de fortalecer o bolsonarismo, conforme viemos alertando no último período.

Lula foi preso após uma perseguição judicial amplamente apoiada, ou melhor, contando com a participação, da grande imprensa, e ainda assim se tornou presidente da República.

O mesmo fenômeno aconteceu nos Estados Unidos, onde uma avalanche de processos judiciais que tentavam tirar Donald Trump da corrida presidencial, não apenas fracassou, como aumentou sua popularidade em setores que antes não apoiavam, como a população negra.

A perseguição judicial contra Jairo Bolsonaro segue a mesma lógica. O imperialismo, a burguesia, não o quer no governo, pois se trata de uma figura difícil de controlar. Sendo assim, atira contra ele o Judiciário. O resultado, como se pode ver, está sendo o oposto.

Polarização

No olho do artigo se lê que a radicalização transforma o Legislativo em arena de desestabilização calculada, mirando o STF, as redes e o pacto democrático”. Apenas não está dito aí que a radicalização partiu exatamente do Legislativo, que vem em uma grande ofensiva contra o Legislativo. O Supremo tem aplicado multas a parlamentares, censurado, cassado mandatos e colocado alguns deles na cadeia.

Outro aspecto da tensão entre Legislativo e Judiciário, se dá na usurpação do STF das atribuições do Congresso. O Supremo tem legislado, passado por cima da Constituição, e até mesmo revogado Leis, como o Marco Civil da Internet.

Apesar de o Marco Civil da Intenet ter sido debatido e aprovado há mais de uma década, o Supremo, como quem segue uma diretriz censora imposta pelo imperialismo por todo o mundo, resolveu achar que seu artigo 19 era parcialmente inconstitucional.

De mão beijada

Até um dos principais jornais da burguesia, O Estado de São Paulo, foi obrigado a reconhecer os limites da ofensiva judiciária e publicou um editorial (O presentão de Moraes a Bolsonaro) criticando o ministro do STF.

Enquanto a esquerda aplaude o completo autoritarismo de Moraes que decretou a prisão domiciliar de Bolsonaro, apreensão de celulares; o jornalão escreveu que “a ordem de Moraes é decorrência direta de uma grosseira confusão, é forçoso dizer, criada pelo próprio ministro. Prender Bolsonaro em casa é um desafio à compreensão lógica dos fatos e, a rigor, uma afronta ao propósito das medidas cautelares ordenadas por ele mesmo.

É por isso que, como escreve Sara Goes, a política brasileira ganhou um novo espetáculo de crise nesta semana”. A crise já estava aberta, apenas veio tensionando. Por isso, não é difícil de entender que “em uma resposta coordenada e de forte impacto, a oposição bolsonarista inaugurou uma tática de confronto aberto no Congresso Nacional”. E que o movimento tenha sido “deflagrado após a notícia da ordem de prisão domiciliar contra o ex-presidente Jair Bolsonaro”.

Até mesmo juristas de esquerda, que até ontem vinham justificando tudo o que Moraes fazia, foram obrigados a reconhecer “de que a decisão do ministro Alexandre de Moraes foi ‘confusa e atropelada’” e que “serviu de combustível para a narrativa de vitimização”.

Aumento de tensão

Segundo a jornalista, a ameaça do líder do PL de pautar a anistia para os envolvidos no 8 de janeiro mostra que a tática não é apenas um lamento performático. É uma manobra para, em meio ao caos, avançar uma agenda de interesse direto de sua base mais radical”.

A questão da anistia é um ponto de atrito importante para a base bolsonarista, que percebe o absurdo das condenações por pessoas que se manifestavam na Praça dos Três Poderes. As pessoas que foram filmadas praticando vandalismo deveriam ser processadas por isso, não por tentativa de golpe.

Sara Goes escreve que nos bastidores do Congresso, já se esboçam movimentos para elevar a escalada: a possível instalação de uma CPI voltada ao Supremo Tribunal Federal”. Segundo afirmanão se trata de fiscalizar, mas de deslegitimar. O STF, especialmente na figura do ministro Alexandre de Moraes, tornou-se alvo privilegiado da retórica extremista, justamente por representar uma barreira institucional aos métodos de manipulação e sabotagem política que marcam o projeto bolsonarista”.

Essa percepção de Moraes é completamente equivocada. Moraes esteve dentre os ministros que votaram pela prisão de Lula. Isso foi uma clara sabotagem política, e teve como resultado a eleição de Jair Bolsonaro.

Forças políticas

Os bolsonaristas estão se apresentando nas ruas. Jair Bolsonaro, ao contrário do presidente Lula, tem mobilizado sua base de apoio, por isso seu movimento ganha força e dá respaldo para seus parlamentares enfrentarem o STF.

Não adianta dizer que o vitimismo de Bolsonaro é apresentado como símbolo de resistência contra um sistema supostamente autoritário”, pois a perseguição judicial só podia dar nisso. E o sistema não é supostamente autoritário, o é de fato.

O apoio do governo e da esquerda ao Supremo, está apenas fortalecendo esse inimigo da classe trabalhadora. A perseguição a determinadas figuras da direita é apenas circunstancial, amanhã, nada impede que essa corte se volte contra Lula, como fez há pouco tempo.

Lula e seu governo precisam se voltar rapidamente às bases, apostar no STF é pedir para ser apunhalado pelas costas; pois, se a burguesia tenta tirar Bolsonaro do caminho, nem por isso prefere o petista para um novo mandato.

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