O gabinete do primeiro-ministro divulgou uma breve nota confirmando que o primeiro-ministro Benjamin Netaniahu realizou uma reunião restrita com duração de aproximadamente três horas nesta terça-feira (5), durante a qual o chefe do Estado-Maior das Forças de Ocupação apresentou possíveis cenários operacionais para a continuidade da guerra em Gaza. “As Forças de Ocupação estão preparadas para executar qualquer decisão tomada pelo gabinete de segurança”, afirmou o comunicado.
Diversos veículos da imprensa israelense informaram que o encontro teve como objetivo finalizar uma proposta que será levada a uma discussão mais ampla no gabinete ainda esta semana. Alguns órgãos chegaram a afirmar que Netaniahu teria defendido a ocupação militar de toda a Faixa de Gaza, apesar de reconhecer o risco potencial para os prisioneiros ainda mantidos pela Resistência Palestina.
A reunião desta terça contou com a presença do ministro da Segurança, Israel Katz, do ministro dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e do chefe da Diretoria de Operações das Forças de Ocupação, general Itzik Cohen. Já os ministros de extrema direita Itamar Ben-Gvir (Segurança Interna) e Bezalel Smotrich (Finanças) — ambos defensores de uma invasão total da Faixa de Gaza — ficaram de fora, segundo o jornal Israel Hayom.
Uma fonte anônima disse à emissora pública Kan que Netaniahu é fortemente favorável à ocupação de Gaza, o que foi corroborado por reportagens dos portais Ynet e i24 News, que também citaram fontes não identificadas.
A reunião ocorreu em meio a relatos de crescentes desentendimentos entre Netaniahu e o chefe do Estado-Maior das Forças de Ocupação, tenente-general Eyal Zamir, sobre a possibilidade de uma ocupação militar total de Gaza.
A emissora Canal 12 informou que a decisão de ocupar Gaza será apresentada ao gabinete de segurança em sessão prevista para quinta-feira (7), após Netaniahu concluir uma longa discussão sobre operações militares futuras no território.
No entanto, o desentendimento entre Netaniahu e o chefe do Exército teria dominado a reunião desta terça. Segundo a Kan, Zamir alertou o primeiro-ministro sobre “uma armadilha em Gaza”.
De acordo com o jornal Yedioth Ahronoth, Zamir se recusou a reapresentar seu plano de ocupação ao gabinete de segurança, alegando que o plano já havia sido submetido anteriormente. A negativa irritou Netaniahu, que encerrou a discussão exigindo que Zamir “melhore o plano e o apresente novamente”.
Durante o embate, Zamir mencionou os ataques que tem sofrido na imprensa, ao que Netaniahu respondeu com uma advertência: “Não aceitarei ameaças de renúncia toda vez que seus planos forem rejeitados.”
Fontes ouvidas pelo Yedioth Ahronoth relataram que Zamir apresentou uma avaliação detalhada das opções militares em Gaza, deixando clara sua oposição à ocupação do território, embora tenha reiterado que “o Exército executará qualquer decisão tomada pela liderança política”.
O Jerusalem Post citou uma fonte dizendo que Zamir “é contra a ocupação total de Gaza, mas isso não significa que ele não executará a decisão, caso seja aprovada”.
Já o Canal 13 informou que Netaniahu teria dito a Zamir que somente a liderança política define a política de ocupação de Gaza, ao que o general teria respondido que uma ocupação total representaria uma armadilha estratégica e colocaria em risco os prisioneiros.
Oposição israelense se manifesta
Líderes da oposição em “Israel” criticaram a decisão de ocupar totalmente a Faixa de Gaza, alertando que a medida coloca em risco a vida dos prisioneiros israelenses e impõe mais encargos à população.
O líder da oposição, Yair Lapid, advertiu que a proposta de Netaniahu para uma ocupação militar completa ameaça a vida dos prisioneiros israelenses restantes e ainda imporá um pesado ônus financeiro aos contribuintes ao obrigar “Israel” a administrar a população palestina de Gaza:
“A direção que o gabinete e o governo estão tomando levará todos os prisioneiros à morte — de fome, espancamentos, tortura ou durante operações das IOF”, declarou Lapid.
Yair Golan, líder do Partido Democrático, apelou ao chefe do Exército, Eyal Zamir, para que não ceda à pressão e não renuncie. Em publicação na rede X, escreveu:
“Não renuncie. Mantenha-se firme contra a liderança política que está nos arrastando para uma guerra sem fim em Gaza.”
Avigdor Lieberman, líder do partido Israel Beiteinu, afirmou à emissora KAN que Zamir é “a única voz racional no gabinete”, acrescentando:
“Netaniahu não se importa com os prisioneiros nem com os soldados. Ele só quer prolongar a guerra por pura sede de poder.”





