Brasil

Como foram atos que levaram Moraes a decretar prisão domiciliar

Atos programados foram realizados em pelo menos 20 capitais do Brasil e em cidades do interior, o principal na capital paulista

Nesta segunda-feira (4), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O pretexto utilizado foi o de que Bolsonaro teria infringido medidas cautelares durante a manifestação de apoiadores ocorrida no Rio de Janeiro neste domingo (3).

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizaram manifestações em várias capitais brasileiras, com concentração significativa em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belém. Os atos foram convocados por lideranças bolsonaristas como o pastor Silas Malafaia e a deputada Bia Kicis (PL-DF). Eles tiveram como foco a crítica ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, houve pedidos de anistia ampla aos envolvidos na “tentativa de golpe” de 8 de janeiro de 2023.

Manifestações foram realizadas em pelo menos 20 capitais do Brasil e em cidades do interior, sendo o principal na capital paulista. A marcação desses atos em diferentes locais foi uma tentativa de tornar mais acessíveis as manifestações, bem como dar maior visibilidade aos parlamentares.

Na Avenida Paulista, em São Paulo, a manifestação organizada por Malafaia concentrou-se em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi um dos principais oradores. Em tom agressivo, dirigiu críticas diretas ao ministro Moraes: “Alexandre de Moraes, você é um cara corajoso. Mas sem toga você é nada”. Ele também defendeu o impeachment do magistrado e declarou que o movimento bolsonarista deve priorizar o “Fora Lula”.

Nikolas fez uma chamada de vídeo para Bolsonaro durante o ato, mas informou que o ex-presidente “não pode falar, mas pode ver”. Já Malafaia, encerrando o evento, questionou ausências de figuras políticas da direita e declarou que “Bolsonaro é insubstituível”.

Entre os presentes estavam o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que subiu no carro de som sem discursar, e o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que homenageou Eduardo Bolsonaro — atualmente exilado nos Estados Unidos — por sua atuação internacional em defesa do pai.

A ausência mais marcante foi a do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que justificou a falta com um procedimento médico realizado no mesmo dia.

No Pará, os parlamentares do PL também criticaram com palavras de ordem contra Moraes, Lula e o governador do estado, Helder Barbalho (MDB-PA). A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, por sua vez, participou do ato em Belém e fez duras críticas a Lula, a quem chamou de “cachaceiro sem-vergonha”.

Afirmou: “Uma diplomacia nanica, provocando os Estados Unidos, desrespeitando a autoridade do presidente Trump, dizendo que ele é um nazista, fascista e queira ser o dono do mundo. As consequências chegam. Irresponsável, mentiroso”, alfinetando o presidente Lula e o STF.

Segundo levantamento da ONG More in Common e do Monitor do Debate Político da USP, a manifestação na capital paulista reuniu 37,6 mil pessoas em seu auge, com margem de erro de 12%. Estimativas do portal Poder360 indicaram um número superior: 57,6 mil participantes.

Os protestos foram marcados por forte presença de símbolos norte-americanos, incluindo bandeiras dos Estados Unidos, faixas em inglês com frases como “Thank you Trump” e “Save Bolsonaro”, além de cartazes pedindo ajuda ao presidente Donald Trump. Os manifestantes agradeceram a imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos contra o Brasil — justificadas por Trump como resposta a uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro — e à aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes.

No Rio de Janeiro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chamou Moraes de “vagabundo” e colocou o pai no viva-voz para saudar os apoiadores. Bolsonaro, usando tornozeleira eletrônica e impedido de sair de casa nos fins de semana por determinação do STF, limitou-se a dizer que o ato era “pela nossa liberdade, pelo nosso futuro”.  O governador Cláudio Castro (PL) participou e declarou que “não há plano B, o nosso plano é J, de Jair Bolsonaro”.

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) fez gritos de “Magnitsky”, pedindo anistia aos presos. E os demais parlamentares evitaram criticar o tarifaço contra o Brasil. A Polícia Militar da capital carioca não fez estimativa de público, como em outras manifestações.

Em Brasília, a manifestação aconteceu em frente ao Banco Central do Brasil (BC). A deputada Carol de Toni (PL-SC) declarou que o povo “derrubou Dilma e vai derrubar Moraes”. Já o senador Izalci Lucas (PL-DF) criticou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por não pautar o projeto de anistia aos condenados do 8 de janeiro, sendo seguido por gritos de “fora, Motta”.

Os protestos também ocorreram em Salvador, Goiânia, Belo Horizonte e Recife.  Os atos ocorreram dias após a imposição de medidas cautelares a Bolsonaro, entre elas a proibição de sair de casa nos finais de semana, uso de tornozeleira eletrônica e restrições ao uso de redes sociais.

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