Nas últimas semanas, temos acompanhado um acontecimento bastante significativo no Reino Unido, onde a cisão do Partido Trabalhista Inglês impulsionou a criação de uma nova organização política de esquerda. Suas lideranças, que incluíram parlamentares que romperam com o Partido Trabalhista, destacaram-se na defesa da luta do povo palestino e se manifestaram abertamente contra o genocídio em curso. Em poucos dias, este partido angariou mais de 600 mil adesões, superando, inclusive, o total de filiados do Partido Trabalhista e do Partido Conservador na Inglaterra. Entre os novos membros, mais de 2 mil sindicalistas aderiram, o que é visto como um sintoma, em um dos mais importantes países imperialistas, de uma tendência de deslocamento à esquerda.
Essa tendência, embora contida pela política conservadora e conciliatória da esquerda em diversas partes do mundo, persiste e se manifesta globalmente, inclusive no Brasil. Sinais claros de uma tendência de luta são visíveis. A pressão exercida sobre o Movimento Sem Terra (MST), cuja direção é ligada ao PT, para que o governo implemente uma política minimamente favorável à reforma agrária, é um exemplo disso.
Existem ainda tendências embrionárias que emergem em muitos setores, como a luta por parte do funcionalismo público. É fundamental impulsionar, dar vazão e conferir um caráter organizado e consciente a essa luta que se desenvolve no país.
A polarização política no Brasil manifesta-se, por um lado, nas tendências golpistas. Apesar da ampla campanha que tenta apresentar uma situação de defesa de um “Estado democrático”, o que se observa é o oposto. Historicamente, a intensificação de campanhas golpistas tem sido acompanhada por uma notável visibilidade do Judiciário. Em 2012, por exemplo, às vésperas das eleições municipais, o então ministro Joaquim Barbosa frequentemente ocupava a televisão, conduzindo o STF por horas para o julgamento do Mensalão. Tratava-se de uma campanha ultrarreacionária que contribuiu para a derrota do PT e de outros políticos de esquerda nas eleições. Em 2014 e nos anos subsequentes, a Operação Lava Jato seguiu um padrão similar, com Sérgio Moro sendo transformado em herói nacional. Agora, a situação se repete, com Alexandre de Moraes sendo apresentado como “patrono da democracia”.
Do lado da esquerda pequeno-burguesa, há uma política de conciliação e covardia. Essa postura, inclusive, tem demonstrado apoio explícito a uma das alas do imperialismo em detrimento de outra. O caso da Palestina é um exemplo evidente, com o governo brasileiro se alinhando a governos como o francês (Macron) e o britânico contra a resistência palestina.
Apesar das tendências golpistas e da capitulação da esquerda pequeno-burguesa, vemos o desenvolvimento de uma tendência combativa e revolucionária na sociedade. Essa tendência se manifesta em diversos movimentos e posicionamentos contra a política estabelecida.
Essa manifestação, de maneira mais consciente e evidente nos últimos anos, reflete o desenvolvimento do Partido da Causa Operária (PCO), que se destaca como o setor mais ativo e consciente em todas as etapas cruciais da luta dos trabalhadores no Brasil. No caso da luta contra o golpe, o PCO foi o primeiro partido a denunciá-lo e a se posicionar contra, inclusive defendendo dirigentes que eram antes adversários políticos com significativas diferenças dentro do PT.
Nesse momento de ofensiva do imperialismo, fortalecer o PCO se tornou uma necessidade para o desenvolvimento da luta dos trabalhadores.





