Neste sábado, o Movimento de Resistência Islâmico (Hamas) refutou as recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de seu enviado para as negociações em andamento referentes à Faixa de Gaza, Steve Witkoff. Segundo o partido palestino, as falas contradizem a realidade das tratativas e a avaliação dos principais mediadores.
Em comunicado oficial, o dirigente do Hamas Izzat al-Rishq criticou as declarações, afirmando que são inconsistentes com o progresso das negociações, e destacou que “as partes mediadoras, especialmente o Catar e o Egito, expressaram satisfação e apreço por nossa postura séria e construtiva”. Al-Rishq ressaltou que o Hamas tem agido “com responsabilidade nacional e alta flexibilidade” desde o início das negociações, visando alcançar um acordo abrangente que ponha fim à agressão e alivie o sofrimento da população da Faixa de Gaza.
O dirigente afirmou que a resposta final do Hamas às propostas de negociação foi enviada após amplas consultas com as demais organizações palestinas, mediadores e países aliados. Segundo ele, o Hamas respondeu de forma positiva e flexível às observações levantadas durante os debates, atuando com base no documento de Witkoff.
Al-Rishq acrescentou que o Hamas tem exigido garantias claras, especialmente sobre os aspectos humanitários de qualquer acordo, incluindo o fluxo substancial de ajuda humanitária à Gaza por meio de agências da Organização das Nações Unidas (ONU), sem interferência de “Israel”.
Nas negociações, o Hamas também defendeu a redução da profundidade das zonas-tampão controladas pelas forças ocupantes durante o período proposto de 60 dias, buscando evitar áreas densamente povoadas e facilitar o retorno dos deslocados às suas casas. O grupo também rejeitou as falsas alegações da administração norte-americana de que teria roubado ajuda humanitária destinada à população da Faixa de Gaza. A organização citou uma reportagem da agência britânica Reuters baseada em investigação da USAID, que concluiu não haver qualquer evidência ligando o Hamas ao desvio da ajuda dos EUA.
Na nota, o Hamas instou os Estados Unidos a cessarem o apoio político e militar à ocupação israelense, acusando o país imperialista de permitir a continuidade de atos de extermínio e fome contra mais de dois milhões de palestinos em Gaza.
Na sexta-feira (26), o presidente Donald Trump declarou: “retiramo-nos das negociações sobre Gaza, o que é lamentável. O Hamas não demonstrou interesse em concluir um acordo. O Hamas precisa ser eliminado”. O Hamas respondeu reafirmando que o verdadeiro obstáculo para o avanço das negociações é o governo israelense de Benjamin Netaniahu, a quem acusou de fugir dos compromissos e impor entraves a qualquer possível acordo.





