Em entrevista a Leonardo Attuch, editor da TV 247, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta alertou para a gravidade do momento e denunciou que o imperialismo tenta promover uma reestruturação do regime político no Brasil.
“O plano é tirar o Bolsonaro da eleição e tirar o Lula também. Esse é o projeto da burguesia”, afirmou o dirigente trotskista, em programa transmitido ao vivo na sexta-feira (25), enquanto criticava duramente a operação em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a batuta do ministro Alexandre de Moraes. “Ele é uma pessoa sem freios. Não pensa no que está fazendo. Vai fazendo loucura. Mas agora foi freado claramente”, ironizou, referindo-se à hesitação de Moraes em decretar a prisão de Bolsonaro após o descumprimento de medidas cautelares.
Segundo Pimenta, o impasse judicial em torno do ex-presidente não se deve a um suposto espírito democrático de Moraes, mas à dificuldade da burguesia em lidar com a força política do bolsonarismo: “Bolsonaro tem metade do país com ele. Tem governadores, militares, evangélicos, empresários. Não é um cachorro morto. A esquerda vive num mundo artificial se pensa isso”. Ele explicou que a ofensiva contra o bolsonarismo está sendo conduzida de forma controlada justamente para evitar uma reação de massas: “Eles deixam ele falar, dar entrevista, manter alguma presença para que a sua base não sinta que está sendo esmagada”.
Pimenta também criticou a atuação do presidente Lula ao se aliar a setores da direita tradicional sob o pretexto de combater o “fascismo” e “defender a democracia”. Ele citou o recente encontro promovido no Chile com líderes como Pedro Sánchez e Gabriel Boric, rotulando o evento como uma frente de colaboração com o imperialismo.
Rui denunciou ainda a deterioração das condições sociais e econômicas do país, a ausência de políticas populares por parte do governo federal e a insatisfação da base social petista. “O pessoal tá com a situação por aqui. Ninguém aguenta mais”, disse, citando as críticas do MST e o aumento da repressão contra movimentos sociais.
Na entrevista, Rui Pimenta esclareceu sua posição quanto à política do ex-presidente norte-americano Donald Trump. “O deep state é contra o Trump. A CIA, o Departamento de Estado, os serviços de inteligência, as big techs, todos eles atacam o Trump desde o começo”, afirmou. “Ele representa outra ala da burguesia norte-americana, uma que não está comprometida diretamente com o projeto de dominação imperialista mundial”.
Pimenta ressaltou que a política protecionista de Trump busca reindustrializar os Estados Unidos. “Ele impõe tarifas para estimular a produção interna. Isso qualquer país pode fazer. Não é uma política imperialista clássica”.
Um dos temas mais recorrentes da entrevista foi a crítica ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes. Pimenta denunciou o caráter antidemocrático das medidas contra Bolsonaro e seus apoiadores, apontando que elas fortalecem ainda mais a extrema direita. “Eles estão impulsionando o crescimento da extrema direita no Brasil”.
Ele também comparou o tratamento dado a Lula durante sua prisão com o que ocorre hoje com Bolsonaro. “O que fizeram com o Lula foi uma violência. E agora querem repetir com o Bolsonaro. Mas ele é mais difícil de controlar. É um espinho no pé da burguesia”, afirmou.
Assista à ultima entrevista de Rui Pimenta a Leonardo Attuch na íntegra:





