Polêmica

Defender a soberania do Brasil é defender o fim do STF

Além disso, é preciso exigir o fim da ingerência da CIA e do Mossad na Polícia Federal

STF

Na coluna intitulada “Brasil, pátria livre e soberana”, publicada pelo Brasil 247, Marcelo Uchôa,. Ali, ele procura demonstrar que “A submissão de Bolsonaro e seu grupo a Donald Trump afronta a soberania nacional e exige reação firme das instituições brasileiras”, mostrando qual o verdadeiro sentido que “luta em defesa da soberania” tem para ele. Não se trata de dialogar com a população e mobilizá-la a promover um enfrentamento contra Trump e o suposto assédio do governo norte-americano nas ruas, mas de instar as “instituições” brasileiras (leia-se “Alexandre de Moraes e os demais malabaristas do direito do Supremo Tribunal Federal”) a “reagirem” contra o bolsonarismo – ou seja, trata-se de aprofundar ainda mais a censura e a perseguição política no país. 

Uchôa mostra uma grande incompreensão da relação entre a política do imperialismo norte-americano com o atual presidente dos EUA. Logo no princípio, afirma “Não é propriamente espantosa a tentativa de ingerência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na soberania nacional. O país não é o único no mundo a sofrer ameaças oriundas do megalomaníaco que se imagina dono do planeta”. Embora o articulista reconheça que não é “a primeira vez que os Estados Unidos tentam interferir nos assuntos internos brasileiros”, fica evidente a consideração de que o motivo principal seria uma suposta “megalomania” de Donald Trump.

Essa consideração evidentemente parte de uma incapacidade de analisar de forma concreta a política do atual governo norte-americano. O governo Trump interfere muito menos na política de outros países do que o fazia, por exemplo, alguns de seus antecessores, como Joe Biden e Barack Obama. 

Basta lembrar que foi durante a gestão Obama, com Joe Biden na vice-presidência, que Dilma Rousseff foi derrubada de seu cargo e o ex-presidente Lula foi preso. Tudo articulado e executado pelo imperialismo. Isso sem falar em diversos outros episódios menores, porém bastante nocivos, de ingerência do imperialismo no Brasil promovida pelo partido democrata e pelos membros desse status quo da política norte-americana que hoje atacam Trump.

Donald Trump possui uma política de muito menor interferência do que seus predecessores. Em um certo sentido, ele foi eleito para levar adiante uma política de desenvolvimento do mercado interno dos EUA e da sua industrialização, em oposição à política anterior. Trump tentou chegar a um acordo na Faixa de Gaza, cortou uma série de ajudas financeiras para os ucranianos e outras medidas do tipo. Uma das grandes dificuldades que enfrenta em sua política internacional no momento é justamente uma pressão do próprio imperialismo mundial para que não acabe com o conflito na Ucrânia. A análise que o articulista tem a respeito de Donald Trump não passa de um impressionismo reforçado pela campanha da imprensa burguesa. 

Continuando, vê-se também que esse impressionismo se dá em outros aspectos: “O que choca, neste momento, é que a justificativa de ingerência na soberania nacional tem como razão, assumida pelo próprio Donald Trump em carta reforçada pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, os processos judiciais movidos contra Jair Bolsonaro, um ex-presidente desprezível e covarde, que tentou, de maneira frustrada, aplicar um golpe de Estado no país e, por isso, responde à Justiça”. 

Primeiramente, é de se surpreender tamanha ingenuidade de alguém que se propõe a comentar temas grandes e complexos como a política internacional. Classificar Bolsonaro simplesmente como “desprezível e covarde”, e isso se tornar motivo para justificar o processo de perseguição judicial praticada contra ele é algo que está abaixo do ridículo. Além disso, o articulista também incorre na denúncia do falso “golpe de Estado”, acompanhando as posições da imprensa burguesa e do STF. Uchôa provavelmente considera que deveria ser proibido à população manifestar insatisfação política na sede do poder da Capital Federal. Também deve considerar que mulheres armadas com batons mereçam amargar quase 15 anos na cadeia apenas por terem feito uma crítica ao STF através de uma pintura em uma estátua, junto com entregadores de aplicativo, cantoras gospel, manicures, etc.

Além disso, Uchôa trata a questão das tarifas de Trump também com o impressionismo da campanha da imprensa e do próprio bolsonarismo, atribuindo-o a uma simples defesa de Bolsonaro. No entanto, não se trata disso – a política de aplicar tarifas a importações de diversos países é a política de Trump em geral. O mandatário norte-americano já a aplicou contra a China, agora ameaça Rússia e o Brasil. A ameaça através de bravatas é uma prática comum de Trump, que já ameaçou anexar a Groenlândia, o Canadá e o Canal do Panamá, não tendo levado nenhuma dessas ações adiante, pois sua intenção, no fim das contas, era conseguir alguma negociação através dessa pressão – o mesmo é sua política com relação ao Brasil.

Uchôa finaliza seu artigo com uma espécie de conclamação patriótica ao povo brasileiro a sair à luta, mas sem muita convicção: ”O Brasil é do povo brasileiro, e quem quer que seja o nacional ordinário que se levante contra isso que assuma as consequências de ser um inimigo da República, opositor do país, vassalo a serviço da sabotagem nacional. Que se acomodem em seu lugar na lata do lixo da história e lá permaneçam, porque de lá jamais deveriam ter saído. Não, porém, sem antes pagarem caro pelo crime de traição ao Estado, porque não pode haver prova maior de desamor ao país do que a tentativa de entrega de sua liberdade e independência a outrem. Que trincheiras sejam erguidas em defesa do Brasil, pátria livre e soberana. À luta, compatriotas!”.

Esse nacionalismo que pede ao STF para perseguir cidadãos brasileiros que não cometeram crime algum não passa de uma submissão a uma força internacional ainda pior, mais agressiva e mais poderosa do que Donald Trump ou o bolsonarismo: o imperialismo mundial. Alexandre de Moraes atende aos interesses dessa burguesia internacional. Embora seja correto criticar Trump por tentar interferir nos processos judiciais brasileiros, não é possível falar em defesa do Estado nacional brasileiro sem pedir o fim do STF, que serve como instrumento do imperialismo para intervir nas eleições do País, através da perseguição de Bolsonaro e do desgaste do governo Lula. Além disso, é preciso exigir o fim da ingerência da CIA e do Mossad na Polícia Federal, defender que o Brasil possa explorar suas riquezas naturais sem ser sabotado por órgãos do imperialismo infiltrados no próprio governo e muitas outras medidas. Não é possível continuar com “nacionalismo para inglês ver”.

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