O encontro internacional realizado em Santiago, no Chile, entre os dias 17 e 18 de julho de 2025, indicou uma vez mais a tendência do governo Lula. A reunião, promovida pelo presidente chileno Gabriel Boric, reuniu representantes de governos que se autodeclaram “democráticos” para articular uma frente política internacional supostamente contra o avanço da extrema direita, tendo como principal alvo o governo de Donald Trump nos Estados Unidos.
Entre os participantes do evento estiveram o presidente Lula e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez. O manifesto publicado ao fim da reunião foi subscrito por Lula e por figuras diretamente associadas à política imperialista europeia. Logo após o encontro, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer anunciou seu apoio à criação de uma “Aliança Democrática Internacional”, deixando claro o caráter do agrupamento: uma frente internacional de partidos social-democratas e liberais pró-imperialismo.
Enquanto setores da esquerda britânica denunciam o papel repressivo de Starmer no Reino Unido, o PT busca aproximar-se dele como um aliado no combate à extrema-direita, ignorando as contradições fundamentais desse alinhamento. A iniciativa reforça a política adotada por Lula desde o início de seu terceiro mandato, marcada por aproximações com líderes como Emmanuel Macron e Josep Borrell, e por uma tentativa constante de equilibrar-se entre as potências imperialistas. No entanto, ao integrar essa “frente democrática”, o PT se afasta das aspirações da classe trabalhadora brasileira e internacional, que vê nos governos da China, da Rússia, do Irã e da Venezuela importantes aliados na resistência à ordem mundial imposta pelos Estados Unidos e seus aliados europeus.
A posição adotada por Lula também contrasta com o silêncio do governo brasileiro e de setores da esquerda institucional diante de crises internacionais de grande relevância. Enquanto a repressão na França, a política genocida de “Israel” e os ataques ao Irã seguem sem qualquer condenação por parte do Itamaraty, há grande esforço de promoção das ações conjuntas com governos europeus ditos “progressistas”, mas subordinados aos interesses do imperialismo.
A suposta guinada à esquerda de que se falava não passa, na realidade, de uma guinada do governo à direita. O encontro no Chile é fundamental para compreender esse processo. O PT vem ensaiando, há algum tempo, essa política de Frente Democrática. Agora, com o mote da ameaça representada por Trump, pretende colocá-la em prática. Ao lado de figuras como Macron, Starmer e Sánchez, o governo Lula contribui para a construção de uma política internacional voltada à contenção de governos independentes, com o pretexto de combater o “autoritarismo”.





