Em novembro do último ano, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou uma denúncia em sua página da Internet sobre a deterioração do mercado de trabalho brasileiro, especialmente no campo. Essa manifestação, que vem de uma das organizações mais tradicionalmente ligadas ao PT, aponta uma crise que já não se limita ao debate eleitoral ou à oposição aberta da direita, mas que se revela como uma profunda insatisfação na base do governo.
A análise publicada pelo MST desmonta o discurso triunfalista do governo sobre a recuperação econômica e a geração de empregos. O estudo mostra que o número absoluto de brasileiros empregados hoje (69,9 milhões) é inferior ao registrado há dez anos (70,5 milhões em 2014), contrariando as expectativas de que a retomada econômica e o aumento populacional impulsionariam o trabalho formal. Apenas 40,6 milhões de trabalhadores têm carteira assinada, revelando o predomínio da informalidade e da precarização do trabalho. Dos 5,7 milhões de trabalhadores domésticos, apenas 1,3 milhão possui direitos reconhecidos em carteira (aproximadamente 20%), apesar da legislação aprovada nos governos petistas. A denúncia vai além dos números, enfatiza que as políticas adotadas até então não conseguiram combater o avanço da exploração e alertam para a manutenção de um “exército de reserva” de trabalhadores sem direitos, sob a constante ameaça do desemprego ou da fome.
Quarenta e dois por cento dos brasileiros ativos estão fora do mercado formal, sem trabalho ou subempregados, a juventude sem perspectivas, com cerca de 30% dos jovens entre 16 e 24 anos nem estudando, nem trabalhando, configurando uma “geração sem futuro” resultado direto do desemprego e da falência das políticas educacionais.




