Editorial

Uma ‘frente democrática’ sem China, Rússia, Irã e Venezuela?

Brasil assina manifesto com governos reacionários, como o de Pedro Sánchez, da Espanha, e de Gabriel Boric, do Chile, enquanto diz estar em uma cruzada em defesa da soberania

Nessa segunda-feira (21), o governo brasileiro assinou mais um manifesto em defesa de uma tal de “democracia”. A julgar pelos seus signatários, “democracia” aqui tem um único significado: a defesa dos interesses do grande capital.

À exceção do governo colombiano, chefiado por Gustavo Petro, que está em forte contradição com o imperialismo e sofre a ameaça de ser derrubado, os demais signatários são representantes dos grandes monopólios em seus países. Pedro Sánchez é o primeiro-ministro da Espanha, um país imperialista. Gabriel Boric é, apesar da face esquerdista, o presidente que garantiu a sobrevivência da política neoliberal no Chile, enquanto a população tomava as ruas para enterrar o regime pinochetista. Yamandú Orsi, por sua vez, é o representante da Frente Ampla do Uruguai, uma frente tão bem aceita pelo regime que, em meio a uma onda de golpes de Estado na América Latina, não foi vítima de uma ofensiva golpista do grande capital.

O conteúdo do manifesto é também vergonhoso. “A erosão das instituições, o avanço dos discursos autoritários impulsionados por diferentes setores políticos e o crescente desinteresse dos cidadãos são sintomas de um mal-estar profundo em amplos setores da sociedade”. E o genocídio na Faixa de Gaza? Silêncio. E o cerco contra a Rússia? Silêncio. E a censura em escala global? Silêncio. É um manifesto, portanto, que fecha os olhos para os grandes problemas do mundo e se mostra preocupado com uma única questão: o desmantelamento do regime capitalista.

Tudo isso já seria, em si, muito ruim. O pior, no entanto, é que o manifesto vem em um momento no qual o governo brasileiro alardeia aos quatro ventos que estaria em uma grande cruzada em defesa da soberania nacional. Seus articulistas na imprensa juram que o Brasil estaria em guerra contra o imperialismo norte-americano, desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a tarifa de 50% para produtos importados do Brasil.

O manifesto revela, contudo, que a luta pela “soberania” não é real. Uma luta real em defesa do Brasil colocaria em primeiro plano os interesses do seu povo. Isto é, o fim das privatizações, a solidariedade com o povo de Gaza, o fim da tutela do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a América Latina, a expulsão das bases norte-americanas na região etc. Nada disso está presente no manifesto.

Mais sintomático ainda é que o Brasil, no momento da suposta “luta” contra os Estados Unidos, não se apoie nos países que estão de fato lutando contra a ditadura mundial: China, Irã, Rússia, Coreia do Norte e Venezuela. Pelo contrário: ao se propor a “condenar as derivas autoritárias”, como diz o manifesto, o Brasil está se distanciando ainda mais daqueles que são acusados pelo imperialismo de não serem “democráticos”.

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