A esquerda pequeno-burguesa brasileira, representada pelos partidos com cadeira no parlamento, como PSOL, PCdoB e setores do próprio PT, e também pelos partidos que se autodeclaram “revolucionários”, como a UP e o PSTU, têm se lançado com entusiasmo, há anos, em uma campanha vergonhosa em favor da censura e do fortalecimento do aparato repressivo do Estado. A razão disso não é nenhuma defesa dos direitos do povo trabalhador nem da democracia. É, como sempre, a obsessão eleitoral.
Para essa esquerda, tudo gira em torno de uma única questão: como conquistar algumas cadeiras no Congresso Nacional ou garantir a reeleição de Lula. Com isso, abandona qualquer defesa dos interesses populares e adota, sem o menor pudor, posições absolutamente reacionárias, como o apoio à ditadura do Judiciário, à censura da imprensa e à perseguição a adversários políticos.
Como o bolsonarismo está em conflito com o Supremo Tribunal Federal (STF) e com setores do Estado nacional, essa esquerda acredita que vale a pena apostar suas fichas na repressão estatal, esperando que os canhões da censura e da perseguição sirvam, temporariamente, contra seus inimigos eleitorais. Trata-se de uma política de ocasião, oportunista, sem qualquer base em princípios democráticos ou revolucionários.
Se amanhã essa mesma máquina for usada contra os movimentos populares — e tudo indica que será —, essa esquerda tentará dar alguma justificativa “esperta” para sua omissão ou para sua colaboração ativa com a repressão. Fará malabarismos teóricos, inventará explicações engenhosas, mas jamais romperá com o aparato de Estado que ajudou a fortalecer.
O resultado dessa política é o desarmamento completo da classe trabalhadora. Ao confiar no Estado burguês e abandonar a mobilização popular, a esquerda pequeno-burguesa transforma-se em linha auxiliar da repressão e da burguesia. Em nome de uma suposta “defesa da democracia”, ajuda a construir o regime mais antidemocrático da história recente.





