De acordo com o deputado iraniano Ebrahim Rezaei neste sábado (20), em entrevista à agência persa Tasnim, a República Islâmica do Irã está considerando abandonar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e aumentar significativamente o nível de enriquecimento de urânio caso Reino Unido, França e Alemanha reimponham sanções econômicas severas.
Rezaei, que é porta-voz da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento iraniano, advertiu as potências europeias sobre a possível ativação do mecanismo de snapback, previsto no acordo nuclear de 2015, o que restauraria automaticamente as sanções internacionais suspensas.
Entre as medidas de retaliação que o Irã pode adotar, Rezaei mencionou a saída do TNP, o enriquecimento de urânio acima de 60% de pureza e a produção e exportação de centrífugas nucleares avançadas. “O Irã ainda não explorou totalmente suas capacidades e pode recorrer a várias outras opções estratégicas, se necessário”, declarou.
O Tratado de Não Proliferação visa supostamente impedir a disseminação de armas nucleares e promover o uso pacífico da energia atômica. Com 191 signatários, é um dos acordos de controle de armamentos mais amplamente difundidos no mundo, embora nunca tenha sido assinado por Índia, Paquistão, “Israel” e Sudão do Sul. A Coreia do Norte se retirou do tratado em 2003.
A declaração de Rezaei vem após o chanceler francês, Jean-Noel Barrot, anunciar que Reino Unido, França e Alemanha pretendem restaurar as sanções da ONU contra o Irã até o fim de agosto, caso não haja avanços significativos nas negociações sobre o programa nuclear iraniano.
Um dos principais impasses é a suspensão da cooperação do Irã com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que impossibilita o monitoramento externo de suas atividades. Teerã acusa a AIEA de emitir um relatório enviesado, que teria sido utilizado como pretexto por ‘Israel’ para iniciar uma guerra de 12 dias contra a República Islâmica.
No mês passado, “Israel” lançou uma série de ataques aéreos, com apoio dos EUA, contra instalações nucleares e militares iranianas, o que provocou retaliações do Irã. Os bombardeios ocorreram em meio ao colapso das negociações nucleares entre Irã e Estados Unidos, com os norte-americanos exigindo o fim total do enriquecimento de urânio, sob o argumento de que isso poderia ser usado para fabricar uma bomba atômica. O Irã rejeitou a exigência, afirmando que precisa do enriquecimento para fins civis e nega qualquer intenção de desenvolver armas nucleares.





