A França retirou as tropas de suas duas últimas bases militares no Senegal, encerrando mais de 60 anos de presença no país. A medida ocorre em meio a um movimento mais amplo de antigas colônias para romper os laços militares com o imperialismo francês.
Na quinta-feira (17), o exército francês entregou o Campo Geille — sua maior base no Senegal — e um campo de aviação no aeroporto de Dakar às autoridades senegalesas, durante uma cerimônia com a presença de altos funcionários dos dois países. O evento marcou a conclusão de uma retirada de cerca de 350 soldados franceses ao longo de três meses.
O Estado-Maior das Forças Armadas da França afirmou que a transferência das instalações e a dissolução dos Elementos Franceses no Senegal (EFS) reafirmaram o desejo da França e de sua ex-colônia de “continuar sua parceria de defesa em um formato renovado”.
“Isso faz parte da decisão da França de encerrar as bases militares permanentes na África Ocidental e Central, e responde ao desejo das autoridades senegalesas de não mais receber forças estrangeiras permanentes em seu território”, declarou o general Pascal Ianni, chefe das forças francesas na África, segundo a agência AP.
Apesar da demagogia do país imperialista, o que está acontecendo de fato é que as tropas francesas estão sendo varridas de todo o continente africano por uma forte onda nacionalista. A retirada do Senegal marca o fim da presença militar permanente da França na África Ocidental, após expulsões anteriores de Burquina Fasso, Mali e Níger. Os governos nacionalistas destes países chegaram a acusar a França de patrocinar o “terrorismo” na região do Sael sob o pretexto de combater insurgentes jihadistas. O Chade também encerrou seu acordo de cooperação em defesa com a França no ano passado. Em fevereiro, a França transferiu o acampamento militar de Port-Bouet — sua única base na Costa do Marfim — às autoridades do país.
Em novembro do ano passado, o presidente senegalês Bassirou Diomaye Faye, que assumiu o cargo em abril de 2024, anunciou sua decisão de remover completamente a presença militar francesa do país, afirmando que a soberania do Senegal é incompatível com a manutenção de bases estrangeiras.
O chefe das Forças Armadas senegalesas, general Mbaye Cisse, afirmou em um discurso durante a cerimônia de entrega, nesta quinta-feira, que o objetivo principal da retirada “é afirmar a autonomia das forças armadas senegalesas enquanto se contribui para a paz na sub-região, na África e no mundo”.





