Jair Bolsonaro

Preso por um crime cometido pelo filho?

Colunista defende ações de Moraes contra Bolsonaro e o que chamou de "fase extraterritorial" do suposto golpe bolsonarista

Na última sexta, dia 18 de julho, a jornalista Tereza Cruvinel publicou em sua coluna no portal Brasil 247 um texto intitulado A ousadia criminosa e a fase extraterritorial do golpe, na qual comenta a decisão de Alexandre de Moraes de impor medidas restritivas, como o uso de tornozeleira eletrônica, ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Logo no primeiro parágrafo do texto, Tereza Cruvinel diz:

Com as medidas restritivas impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o STF (que endossou a decisão do ministro Alexandre de Moraes) explicitou, inclusive para Donald Trump, sua firme disposição de dar continuidade à ação penal sobre a tentativa de golpe e de prender Bolsonaro quando for a hora, apesar da pressão trumpista travestida de sanção comercial. Agora monitorado, a fuga também deixou de ser possível.

A decisão do STF é mais uma medida ilegal. Isso porque quem teria negociado com Trump as taxas ao Brasil seria o filho de Jair Bolsonaro, Eduardo. Ou seja, o ataque à soberania brasileira partiria do filho, não do pai, o que não justificaria nenhuma investida contra Jair Bolsonaro.

Em segundo lugar, a ideia de punições exemplares, ou a perseguição como resposta, são não só inconstitucionais como métodos utilizado em muitos regimes, incluindo ditaduras fascistas. Ou seja, o STF não poderia impor nada a Bolsonaro de forma a dar uma resposta política a Donald Trump. O que se espera de um tribunal é que ele julgue os atos do réu de acordo com a Lei, não que seja um tribunal justiceiro que busca vingança ou exemplos para a sociedade.

Na sequência, Crunivel elogia o ministro Alexandre de Moraes e comenta sobre as “provas” contra Bolsonaro:

Quem mencionou a “ousadia criminosa” foi Alexandre de Moraes, no documento em que determina as medidas e apresenta os elementos e provas que as justificam. Quem o ler do início ao fim sairá convencido de que o golpe não acabou em 8 de janeiro.

No entanto, que “provas” seriam essas? Se são tão convincentes as “provas” contra Bolsonaro, pelo menos algumas seriam dignas de serem citadas no texto de Cruvinel. Porém, elas não aparecem, assim como não aparecem em nenhum dos textos que pedem a condenação de Bolsonaro no processo do suposto golpe de Estado de 2018.

A autora continua e cita um suposto perigo de golpe que o Brasil estaria sofrendo desde 2020:

Estamos vivendo “golpe adentro” desde 2020, embora em 2021 Bolsonaro tenha intensificado suas ações golpistas, a exemplo do que houve em 7 de Setembro daquele ano. Em 2022, o golpe ganhou força em várias frentes, materializou-se em vários momentos e ações, e foi meticulosamente planejado, como soubemos depois. Apesar das prisões do 8 de Janeiro e da abertura do inquérito correspondente, o golpe nunca parou. Raul Seixas não merece a invocação, mas ele é, de certo modo, uma metamorfose ambulante.

Mas e o golpe de 2016? E a prisão de Lula em 2018? Por que estaríamos vivendo “golpe adentro” apenas desde 2020?

A resposta é simples: quem organizou o golpe de 2016 não foi Donald Trump, mas sim o Partido Democrata dos EUA, com participação direta de Joe Biden. Admitir isso acabaria com a ideia central do texto, ideia essa defendida por boa parte da esquerda brasileira atualmente, de que o problema do Brasil é Bolsonaro e que o problema do mundo é Trump.

Uma outra ideia da autora, a de que agora o golpe de Bolsonaro estaria se “internacionalizando” também precisa do mito de que somente Trump poderia fazer algo do tipo. A própria jornalista deixa claro em seu texto que Biden não poderia auxiliar em um golpe de Bolsonaro no Brasil:

Com as medidas adotadas, que imobilizam Bolsonaro, Moraes conteve a ‘ousadia criminosa’ sem limites, descarada e cínica. O golpe continuado, entretanto, não foi ainda derrotado, pois agora (diferentemente de quando Biden era presidente) tem o apoio do império.

Sobre a suposta “fase extraterritorial do golpe”, Tereza diz:

Agora estamos vivendo o momento extraterritorial do golpe, com o envolvimento direto de Trump e dos EUA, buscado por Eduardo Bolsonaro em conluio com seu pai, como diz o ministro no documento.

Mesmo que fosse verdade, Bolsonaro jamais conseguiria dar um golpe do tipo no Brasil sem a ajuda dos EUA. A simples ideia de um golpe contra o Brasil seria ridícula sem a ajuda dos Estados Unidos. Mas, por que, então, os EUA entrariam na jogada somente agora? Novamente a resposta é simples: em 2023, ano da suposta tentativa de golpe de Estado, o presidente dos EUA era Biden.

Ou seja, tudo bem que Biden é o principal criminoso de guerra do século XXI pelo que fez em Gaza, pelo genocídio no Donbass desde 2014, por tentar instalar armas nucleares na Ucrânia para atacar a Rússia, o que levou à guerra entre os dois países, pela guerra civil na Síria, o genocídio no Iêmen, pelo apoio ao genocídio no Afeganistão e no Iraque e pelos muitos golpes de Estado, como o já citado golpe de 2016 no Brasil e o golpe de 2014 na Ucrânia, mas, agora, seria necessário Trump para uma atividade golpista!

Sobre as “provas” contra Bolsonaro, a única citada por Tereza é a de que Bolsonaro sustenta seu filho nos EUA, de acordo com ele mesmo, o que não só não prova nada, como coloca no ridículo os argumentos de culpa de Jair Bolsonaro, pois, se é necessário apelar para que ele sustenta seu filho nos EUA, é porque não se tem provas de mais nada.

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