Em meio às reações do governo Lula diante das ameaças de sanção econômica feitas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, passa em brancas nuvens um ataque muito mais grave à soberania nacional. Seguindo o Acordo Bilateral de Cooperação em Matéria de Defesa entre Brasil e EUA — firmado em 2010, durante os governos Lula e Obama, e promulgado em 2015, já sob o governo Dilma Rousseff, ainda que em fase de golpe de Estado —, foi realizada entre os dias 7 e 11 de julho uma operação conjunta entre os exércitos brasileiro e norte-americano nos municípios de Carpina e Araçoiaba, em Pernambuco.
Preparatória para a Operação CORE 25 — sigla em inglês para “operações combinadas e exercícios de rotação” —, que ocorre anualmente desde 2021 e está prevista até, pelo menos, 2028, a operação “Carcará” foi descrita ao Diário de Pernambuco pelo comandante militar do Nordeste, general Maurílio Ribeiro, como “uma série de treinamentos voltados à capacitação de tropas brasileiras para atuação conjunta com o Exército dos Estados Unidos, em um processo de certificação e padronização operacional”.
No ano passado, testemunhamos, novamente sem qualquer menção crítica por parte do governo Lula, exercícios militares conjuntos na região amazônica, com o mesmo objetivo. Ou seja, o “patriotismo” petista morre na batalha dos bonés.
Maurílio Ribeiro prossegue:
“A operação na Caatinga, por sua vez, representa uma oportunidade ímpar para que os militares americanos se familiarizem com as condições desafiadoras desse bioma, conhecido por seu clima árido e vegetação específica, e que corresponde a aproximadamente 80% da área da jurisdição do Comando Militar do Nordeste.”
Cabe perguntar: em que circunstância haveria necessidade de “atuação conjunta com o Exército dos Estados Unidos” na Caatinga brasileira, localizada longe de qualquer fronteira nacional? Trata-se de uma evidente preparação do Exército brasileiro para uma guerra civil contra o próprio povo, com o auxílio norte-americano. Diante do contexto de cercamento do País pela presença militar dos EUA no Peru, Equador, Argentina e Guiana, a questão ganha ainda mais gravidade.
É preciso lutar de fato pela soberania nacional, o que significa adotar uma política que não confronte apenas o trumpismo, mas também o setor principal do imperialismo norte-americano, representado politicamente pelo Partido Democrata.





