Política

Jair Bolsonaro: Alexandre de Moraes sequestrou o Supremo

Ex-presidente concedeu entrevista ao Poder360 e falou sobre a perseguição que vem sofrendo nos últimos anos

Nesta terça-feira (16), o ex-presidente Jair Bolsonaro foi entrevistado pelo jornal Poder 360, horas após a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter oferecido denúncia contra ele e sete outros réus por suposto golpe de Estado e outros crimes.

Conforme noticiado por este Diário, a PGR acusou Bolsonaro “pelos crimes de liderar organização criminosa armada (art. 2º, caput, §§2º, 3º e 4º, II, da Lei n. 12.850/2013), tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do CP), golpe de Estado (art. 359-M do CP), dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima (art. 163, parágrafo único, I, III e IV, do CP), e deterioração de patrimônio tombado (art. 62, I, da Lei n. 9.605/1998)

Logo no início da entrevista, Bolsonaro criticou seu processo por ser “obrigado a fazer prova negativa dos fatos. Eles não têm que dizer onde porventura eu errei ou cometi um crime”.

Comentando especificamente sobre a denúncia da PGR e os crimes dos quais ele é acusado, Bolsonaro disse: “dois crimes estão relacionados à depredação de patrimônio. Eu estava nos Estados Unidos, eu não estava aqui. É uma coisa que eu tenho até vergonha de falar. Eu tenho vergonha de ver que o PGR botou isso como crime meu”.

Ele prosseguiu falando sobre os supostos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e de ser líder de organização criminosa armada:

“Daí tem mais, liderança de organização criminosa armada. Ué, o que aconteceu? Eu era chefe supremo das Forças Armadas. As Forças Armadas foram pra rua? O 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe de estado. O próprio atual ministro da Defesa disse que não foi. Outros dois ex-ministros, como Aldo Rebelo, Nelson Jobim também falou que não foi. Sarney também falou que não foi.”

Continuando sua crítica à tese de que o 8 de janeiro foi o ponto culminante de uma tentativa de golpe de Estado, ele disse que “qualquer pessoa minimamente interada no assunto vê que aquilo foi uma baderna que saiu do controle […] tentativa de abolição violenta estado democrático de direito, golpe de estado, liderar organização criminosa armada? Não teve arma. Se você pegar a polícia legislativa da Câmara e do Senado, nenhuma arma foi apreendida”.

Ele afirma que, por estas razões, a denúncia da PGR é “uma denúncia que você fica difícil você defender. É quase você se defender, por exemplo, de uma acusação de ter matado um marciano e nem o corpo do marciano estava ali […] Não é justo o que estão fazendo comigo e com os demais colegas meu sobre essa tentativa de golpe. Nada foi tentado”.

Falando novamente sobre a questão do suposto golpe de Estado, Bolsonaro disse que “quando há uma tentativa de golpe em qualquer lugar do mundo ou um golpe, você fica sabendo em poucos minutos”.

Ainda falando sobre esse assunto, Bolsonaro acabou fazendo um comentário que serve para mostrar como “Israel” interfere no regime político brasileiro. O ex-presidente disse: “até outro dia, conversando com um colega de Israel, ele falou: ‘Que golpe foi esse que o Mossad não estava sabendo?’”.

Bolsonaro diz que querem condená-lo para tirá-lo do jogo político, “porque as minhas inelegibilidades são tênues”, afirmou o ex-presidente, que, logo após, teceu críticas ao TSE e à forma como agiu durante as eleições de 2022:

“O TSE pesou na mão contra mim. Eu não podia falar que o Lula, por exemplo, defendia o aborto. Eu não podia falar da ida do Lula no complexo do alemão com boné CPX na cabeça. Eu não podia mostrar imagem do 7 setembro. Eu não podia fazer live da minha casa que eu morava naquele momento no Alvorada. O TSE baixou três resoluções extemporâneas. Resolução entre março e o dia das eleições. Não vale para as eleições. Baixaram três contra mim. E quando acaba as eleições? Eu começo a questionar, tinha uma série de petições. A primeira é indeferida e dá uma multa de 22 milhões. O que que nós decidimos no partido? Não vamos recorrer e nem vamos apresentar outra. Se apresentar outra, vai ser 200 milhões da multa, quem sabe caçar o registro do partido. Isso é democracia?”, questionou Bolsonaro.

Falando sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o julgamento ao qual está submetido, Bolsonaro criticou o ministro Alexandre de Moraes, afirmando que ele “sequestrou o Supremo”, fazendo o que “bem entende”: “é assim que funciona as coisas. Eu quero e ponto final. É uma pessoa que sequestrou o Supremo Tribunal Federal e faz o que bem entende. Prende, ele vai interrogar, ele vai julgar, ele diz que é vítima porque tinha um plano para assassiná-lo”, afirmou Bolsonaro.

Ele acrescenta que não justifica Moraes ser relator de seu processo: “ele é vítima. Ele não disse que tinha um plano para matá-lo? Como é que ele vai julgar? […] Não tem cabimento isso aí. Cadê o devido processo legal?”. Sobre isto, ele declara também que “eu tenho que me defender do que eu não fiz. Eu tenho que provar que sou inocente, não eles provar que eu sou culpado”.

Pronunciando-se sobre o suposto golpe de Estado de que o acusam, Bolsonaro afirmou que “nada foi sequer pensado, não é cogitado, pensado. E se fosse pensado, como não começou nada, não tem crime”.

Ele também falou sobre sua defesa do voto impresso, que foi qualificada pela PGR como parte de uma “narrativa” que serviu ao suposto golpe. Bolsonaro declarou que:

A minha luta pelo voto impresso é desde 2012 eu aprovei uma emenda a um projeto de lei que tratava de eleições por voto impresso. Eu fui convidado pelo ministro Fux ou eu pedi audiência com ele, não me lembro, e fui conversar sobre eleições com voto impresso em para 2018. O TC chegou a comprar urnas, fazer licitação. Depois o Supremo falou que era inconstitucional”, disse o ex-presidente.

Falando sobre as eleições presidenciais de 2026, Bolsonaro disse que pretende se candidatar, que irá “até as últimas consequências” para esse objetivo e que caberá à Corte Eleitoral decidir o pedido de registro de sua candidatura. Ele também falou sobre eventual apoio seu a outro candidato, declarando que anunciará esse apoio “no último minuto”. Comentando também sobre as eleições parlamentares que ocorrem em conjunto com as presidenciais, Jair Bolsonaro disse ter certeza “que vou fazer uns 120 deputados federais na próxima. O PL faz pelo menos 20 [senadores]”.

Trump e tarifaço

Bolsonaro também foi questionado sobre a atual situação entre Brasil e Estados Unidos e o anúncio de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, de que irá aumentar em 50% as tarifas sobre produtos importados do Brasil.

O ex-presidente declarou achar que tem o poder de resolver a situação, ao mesmo tempo em que disse ser contra o tarifaço. Por outro lado, culpou o presidente Lula e seu governo pela medida imperialista dos EUA contra o Brasil: 

“Eu sou contra, seria contra o tarifaço. Meu filho Eduardo seria contra também. Mas temos um problema mais grave: se o Brasil continuar avançando à esquerda, com o Lula falando besteira o tempo todo, esse inconsequente, provocando os Estados Unidos… Essa taxa de 50% pode ser diminuída. Acho que tenho o poder de resolver esse assunto – parte dele – mas tenho que ter liberdade de conversar com Trump. No momento, nem passaporte eu tenho”, afirmou Bolsonaro

No mesmo sentido, ele também afirmou ser apaixonado por Trump e pelos EUA:

“Eu sou apaixonado por ele, pelo povo americano, pela política americana, pelo país que é os Estados Unidos. Eu nunca neguei isso desde meu tempo de garoto. O Trump sempre soube disso. Ele me tratava como um irmão. […] Tenho profunda gratidão por ele. Tivemos um excelente relacionamento. Fizemos planos. Parece que estávamos até namorando. Fizemos muitos planos para o Brasil na questão dos minérios”, disse o ex-presidente.

Falando sobre desavenças entre seu filho Eduardo Bolsonaro e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e possível candidato do imperialismo em 2026, Bolsonaro declarou que “hoje foi botada uma pedra em cima. Conversei com Eduardo e conversei com o Tarcísio. E está tudo pacificado. Tarcísio continua sendo meu irmão mais novo e vamos em frente. Não podemos dividir. O Tarcísio é um tremendo de um gestor […] nada de crítica para ele. Se tiver, é por telefone pessoal”. Na terça-feira (15), Eduardo Bolsonaro havia criticado Tarcísio, dizendo que, para o governador, a “subserviência servil às elites é sinônimo de defender os interesses nacionais”.

Uma vez que a PGR ofereceu a denúncia, a defesa de Bolsonaro e dos demais réus, e também a procuradoria, terão de apresentar razões finais. Depois disso, será o julgamento, que está previsto para o segundo semestre de 2025.

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