Em 16 de julho de 1979, Saddam Hussein assumiu a presidência do Iraque por meio de um golpe orquestrado pelos Estados Unidos, destituindo Hassan al-Bakr. O golpe consolidou o poder de Saddam, que logo promoveu um expurgo no Partido Baath, executando membros acusados de conspirar por uma união entre o país e a Síria. A ascensão de Hussein foi planejada pelo imperialismo para alinhar o Iraque contra a jovem República Islâmica do Irã, desencadeando a guerra Irã-Iraque (1980-1988). No mesmo ano, o nacionalismo árabe sofreu outro golpe com a submissão do Egito a “Israel”, pela via acordos de Camp David.
Saddam, inicialmente vice-presidente, usou o pretexto de uma suposta conspiração para eliminar opositores internos, fortalecendo seu controle sobre o Baath e o país. A repressão se intensificou contra comunistas, xiitas e minorias, enquanto o Iraque se afastava da influência soviética e se aproximava de interesses imperialistas e sauditas. O regime investiu em armamentos norte-americanos e europeus, incluindo armas químicas, e profissionalizou a polícia secreta para monitorar dissidentes, sindicatos e movimentos religiosos.
O golpe de 1979 foi parte de uma estratégia imperialista para conter o Irã, que, após a Revolução Islâmica, passou a representar uma ameaça para a ditadura das nações desenvolvidas no Oriente Médio. A guerra contra o Irã, iniciada por Saddam, serviu para desgastar ambos os países, enquanto o imperialismo lucrava com vendas de armas.
A história de Saddam Hussein no poder revela o papel dos EUA na manipulação de regimes para seus interesses. O nacionalismo árabe, já combalido, foi ainda mais fragmentado, enquanto o Iraque mergulhava em décadas de conflitos e repressão. A guerra contra o Irã, financiada e incentivada pelos monopólios, colocou Saddam nas graças das potências, sendo porém descartado posteriormente, quando deixou de ser útil.


