Ao contrário do que setores da esquerda pequeno-burguesa têm dito nos últimos anos, o imperialismo não está em retirada. Estes setores analisam a política de Donald Trump como sinal de que haveria um recuo estratégico por parte do imperialismo norte-americano quando o republicano é favorável, por exemplo, ao fim da guerra na Ucrânia. No entanto, a política adotada por Trump expressa apenas os interesses de uma fração da burguesia dos EUA, que buscava reorganizar sua posição econômica interna frente à profunda crise capitalista.
Não é um abandono da política de dominação imperialista mundial. Nesse sentido, não é um sinal de que a conjuntura política é de uma “virada”, que os trabalhadores estão em ascensão e a revolução socialista está na ordem do dia.
A política do conjunto do imperialismo jamais foi de recuo, mas sim de fortalecimento e reorganização. A crise no interior dos próprios Estados Unidos – expressa, inclusive, na vitória eleitoral de Trump – e as dificuldades da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) impulsionaram uma resposta coordenada no sentido de reforçar o aparato militar do bloco imperialista.
Hoje, observamos uma verdadeira corrida armamentista protagonizada pelas potências europeias. A Alemanha, por exemplo, se converteu rapidamente no quarto país mais armado do mundo. França, Itália, Suécia e até mesmo Portugal aumentaram de maneira significativa seus investimentos militares. O mesmo ocorre com o Japão, que amplia suas forças armadas a passos largos. Em países como a Austrália, estreitamente alinhados ao imperialismo, o cenário é o mesmo. Trata-se de uma reorganização geral, visando manter intacto o controle militar e político do imperialismo sobre o planeta.
A crise com Trump e a intensificação do conflito com a Rússia deixaram claro que os Estados Unidos, isoladamente, não possuem mais capacidade para exercer seu tradicional papel de “polícia do mundo”. A resposta imediata foi o fortalecimento dos exércitos das principais potências imperialistas aliadas, em um claro movimento de preparação para futuras agressões em larga escala. Esse processo está diretamente vinculado ao objetivo de preservar o status quo internacional diante do enfraquecimento da dominação absoluta exercida pelos EUA nas últimas décadas.
Não se trata, portanto, de um período de recuo do imperialismo, como querem crer os que depositam ilusões em fóruns como o BRICS ou em declarações de personalidades como o próprio presidente Lula, que disse, na última reunião do bloco, que é preciso “democratizar o mundo”. Trata-se de uma completa fantasia. O Brasil, tomado como exemplo, é a melhor prova de que essa “democratização” não passa de fachada. Não é à toa que Lula, mesmo no cargo de presidente, é impedido de governar de fato.
A esquerda deve abandonar imediatamente essas ilusões. O que se apresenta no horizonte não é um mundo mais justo, regido por acordos e pelo entendimento entre os povos, mas sim um cenário de conflito, de polarização crescente, que aponta para guerras de grande escala. O imperialismo se prepara para agressões diretas contra países que ainda resistem à sua dominação: Irã, China, Coreia do Norte e, em primeiro plano, a Rússia.
O mundo continua sendo dominado pelo bloco de países imperialistas. Ainda que os Estados Unidos sejam a principal potência, não se pode perder de vista que Europa e Japão também exercem papel central nesse bloco. A política de guerra e opressão não está sendo abandonada, mas sim intensificada, com novos protagonistas. A tendência objetiva da situação internacional é a intensificação da luta de classes em escala global.
O que cabe aos trabalhadores conscientes e à esquerda revolucionária é preparar-se para esse enfrentamento, sem alimentar ilusões pacifistas e sem aderir às propostas de “reformas internacionais”. O imperialismo só será derrotado por meio da luta revolucionária das massas exploradas de todo o mundo.





