O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu um ultimato ao líder russo, Vladimir Putin, exigindo uma trégua no conflito ucraniano em um prazo de 50 dias — caso essa medida não fosse cumprida, resultaria na imposição de “tarifas severas” sobre os parceiros comerciais da Rússia que poderiam chegar até a 100%. Esta iniciativa foi anunciada em 14 de julho de 2025, durante uma reunião com o Secretário-Geral da OTAN, Mark Rutte, na Casa Branca.
“Estamos muito, muito insatisfeitos – eu estou – com [a Rússia], e vamos aplicar tarifas muito severas se não tivermos um acordo em cerca de 50 dias.”, afirmou Trump.
A principal ferramenta de pressão anunciada por Trump são as tarifas secundárias, um instrumento de chantagem imperialista que incidiria sobre países que mantêm relações comerciais com a Rússia. O presidente americano mencionou taxas de até 100%, mas um projeto de lei em tramitação no Congresso dos EUA proponha tarifas ainda mais elevadas, de até 500% para nações que adquiram petróleo e urânio russos.
No entanto, o verdadeiro poder de fogo das tarifas secundárias reside em seu potencial de afetar economias que dependem do comércio com a Rússia, como China, Índia e Brasil, grandes compradores de hidrocarbonetos russos (o Brasil, por exemplo, é um significativo importador de óleo diesel russo). A menção a esses países, membros do bloco BRICS, destaca a dimensão da ameaça, um ataque direto visando desestabilizar alianças econômicas que buscam alternativas à dominação do imperialismo.
Ao mesmo tempo, Trump confirmou a retomada do envio de sistemas de defesa aérea para a Ucrânia, com o custo sendo assumido pela OTAN, a principal ferramenta militar do imperialismo. Essa medida, que inclui a remessa de sistemas antimísseis Patriot (cada unidade com custo estimado em US$3 milhões), representa um passo a mais na escalada da guerra por procuração da OTAN. A Alemanha, por sua vez, já se comprometeu a financiar a aquisição de pelo menos três novos sistemas, mostrando a união dos países imperialistas na manutenção do conflito.
Essa oscilação na política externa norte-americana, evidenciada pelas ações na guerra em contradição com as declarações de Trump contra o conflito, reflete a complexidade das pressões internas e externas que moldam a abordagem dos EUA. A Rússia, por sua vez, tem consistentemente denunciado – e com razão – que o fornecimento de armas ocidentais à Ucrânia apenas prolonga o conflito, sem alterar seu desfecho, servindo aos objetivos do imperialismo de desgastar seu adversário.
Do lado russo, a reação oficial tem sido de cautela e firmeza diante da nova investida imperialista. Antes do anúncio de Trump, Putin intensificou os ataques aéreos contra a Ucrânia, com a Força Aérea ucraniana relatando a neutralização de 108 de 136 drones russos disparados. O porta-voz do Crêmlin (sede do governo russo), Dmitri Peskov, adotou um tom pragmático, afirmando que o fornecimento de armas dos EUA à Ucrânia “continuou e continua”, minimizando o impacto das declarações de Trump. A desconfiança russa de que Trump busca um “troféu vazio de pacificador” é justificada, especialmente com a presença de Mark Rutte, secretário-geral da OTAN, ao lado de Trump durante o anúncio, o que reforça a percepção de uma alta pressão do imperialismo no país.
A eficácia das tarifas secundárias dependerá da disposição de países como China, Índia e Brasil em reavaliar suas relações comerciais com a Rússia, em um claro desafio à soberania dessas nações. A continuidade do fornecimento de armas imperialistas à Ucrânia, por sua vez, sinaliza a persistência do apoio militar a à ditadura ucraniana, apesar das diversas brigas entre Trump e Zelenski vistas ao longo do conflito. Tudo isso sinaliza uma pressão enorme do capital internacional para que a guerra continue, queira Trump ou não.
Apesar de tudo isso, Putin não se deixou intimidar. É evidente, e já foi demonstrado de maneira prática, que o país tem como se manter de pé mesmo com sanções e que, dependendo do nível dessas, pode abrir uma enorme crise em diversos continentes, como vimos com a questão do petróleo e do gás que afetou a Europa no início da guerra.





