Plenária aberta do PCO

Rui Costa Pimenta: governo Lula está entre a cruz e a espada

Presidente nacional do Partido da Causa Operária apresentou o informe da situação política neste domingo (13)

Neste domingo (13), durante a realização da 53ª Universidade de Férias do Partido da Causa Operária (PCO) e do Acampamento da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), aconteceu a plenária nacional aberta da organização trotskista. Durante sua primeira etapa, Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, apresentou o informe político da plenária.

Pimenta observou que o Partido dos Trabalhadores (PT) e seus aliados apresentaram declarações otimistas que sugeriam um caminho em direção ao “multilateralismo”, mas classificou essa avaliação como “totalmente infundada”, baseada em uma concepção reformista da política internacional. Para Pimenta, essa visão alimenta a ideia de que é possível mudar o quadro internacional “por meio de iniciativas pacíficas, por meio de pequenas mudanças aqui e acolá”, como se o mundo vivesse “em uma democracia parlamentar de caráter internacional, o que não tem o menor respaldo na realidade”.

A proposta de “governança mundial” foi duramente criticada pelo presidente do PCO, que a caracterizou como um “termo ilusório”.

“Não existe nenhuma governança mundial, o que existe é o imperialismo”, afirmou Pimenta, descrevendo o imperialismo como a força que “dá as cartas, faz e desfaz a seu bel-prazer”. A Organização das Nações Unidas (ONU), por sua vez, foi apresentada como uma “fachada”, um “teatro”.

Rui Pimenta exemplificou a ineficácia da organização, citando que, “quando toma uma decisão progressista, nunca é executada”, e que “quando o imperialismo quer fazer alguma coisa, passa por cima das resoluções da ONU e fica tudo por isso mesmo”. Ele mencionou ainda a guerra na Faixa de Gaza, onde a ONU “não se posicionou energicamente pelo fim das hostilidades, do massacre, do genocídio, do sionismo e do imperialismo em Gaza”.

Pimenta enfatizou que a solução para a crise internacional atual “não será pacífica e não será por acordo, não será por meio de reformas da ONU”. Ele alertou que esse caminho é “semear uma ilusão”, e uma “ilusão perigosa porque não cria as condições para solucionar o problema que está criado”.

Seguindo sua análise, o dirigente trotskista afirmou que, “se bem seja importante a ação de alguns estados contra o imperialismo, a solução também não vai vir por essa via”. Ele expressou ceticismo quanto à capacidade de países como Rússia e Irã derrotarem o imperialismo. “É muito improvável”, afirmou, apontando que a maioria desses países “têm uma série de fragilidades, debilidades diante do imperialismo”. Embora o PCO apoie “todas as iniciativas contra o imperialismo”, Rui Pimenta deixou claro que o Partido “não acredita que a via será a derrota do imperialismo na mão de países que procuram se libertar da influência do imperialismo”. A verdadeira via, sublinhou, “é a revolução, a revolução dos países atrasados e a revolução nos países imperialistas. Sem a construção de partidos revolucionários, sem a luta de classes dentro desses países, ninguém vai ser derrotado”.

Para o dirigente do PCO, a situação internacional atual é “bastante contraditória”. Por um lado, ele vê “forças que lutam contra o imperialismo vêm conseguindo resultados importantes”, citando a República Islâmica do Irã e a resistência palestina em Gaza. Por outro lado, há “a iniciativa do próprio imperialismo”. Pimenta mencionou rumores de uma possível guerra entre Síria e Líbano para “tentar exterminar o Hesbolá”.

O presidente do PCO também contrapôs a percepção de que o imperialismo está em declínio, citando o acelerado armamento na Europa. Ele destacou que “a Alemanha se transformou no quarto país mais armado do mundo”, e que “todos os países europeus estão se armando”. A mudança é que, antes, “eram as forças armadas norte-americanas que constituíam o papel de polícia do mundo”, mas agora “a Europa e o Japão já perceberam que os Estados Unidos sozinhos não têm condição de executar esse papel de polícia do mundo”. Portanto, “o que está acontecendo na verdade, não é que o imperialismo está recuando, ele está procurando se fortalecer”.

Para Rui Pimenta, “a fluidez da situação política mundial tende a afetar a situação política brasileira”. Ele previu que “a desestabilização da situação política mundial com certeza levará a uma instabilidade ainda maior do regime político no Brasil”.

No cenário nacional, o dirigente trotskista abordou as “duas crises de grandes proporções” que o governo Lula enfrenta. A primeira, envolvendo o impasse em relação ao imposto sobre operações financeiras (IOF), foi descrita como uma “derrota muito importante do governo Lula”, que “assinalou o fim do namoro do PT com a burguesia”. Ele desmistificou a ideia de que o aumento do IOF seria um ataque aos ricos, afirmando que é, na verdade, uma “política de ajuste fiscal”, uma “tentativa de tirar dinheiro da sociedade brasileira para encher o cofre, que é uma exigência do mercado financeiro internacional”.

Rui Pimenta argumentou que o Congresso, “dominado pelo mercado financeiro”, não está disposto a que Lula “coloque nem mesmo uma pequena taxa sobre os banqueiros”. Ele também observou que o IOF atinge a movimentação financeira internacional e a classe média. Pimenta acusou o PT de “ocultar essa parte do problema, de que não é um ataque aos ricos, é uma medida fiscal que atinge a classe média e atinge um setor do mercado financeiro”.

A derrota do governo no Congresso, segundo o dirigente trotskista, é uma “medida política” que “pegou de surpresa os sapientíssimos estrategistas do PT”. Para ele, o Congresso enviou uma mensagem clara: “estamos preparando a eleição e o governo Lula tem que atacar o bolso popular como tem feito até agora. Nada de IOF sobre a classe média e, principalmente, o mercado financeiro”.

Para Pimenta, “é possível prever, se não acontecer nada de muito diferente, que o Congresso vai vetar todas as iniciativas do governo que visem arrecadar dinheiro a partir de agora, exceto aquelas que atingem diretamente o bolso da população”.

O governo Lula, segundo ele, está “entre a cruz e a espada”: ou “promove o ajuste fiscal e incorre no desagrado da população”, ou “parte para uma política que vai acabar pressionando — e a burguesia vai pressionar nesse sentido — pelo aumento da inflação”.

A segunda crise analisada pelo presidente do PCO foi a “ameaça do Trump de impor tarifas às importações brasileiras para os Estados Unidos”, abrindo uma “segunda frente de crise com o governo”.

Rui Pimenta é “totalmente contra” a medida de Trump, apresentada como “uma ingerência na política nacional brasileira”. Trump, segundo ele, “está usando a política alfandegária para pressionar a política nacional. Ele está fazendo exigências ao Judiciário brasileiro… para que mude a sua conduta em relação ao Bolsonaro”.

Em relação ao resultado dessa medida, Pimenta observou que ela “acendeu umas brasas nacionalistas no PT, e aí todo mundo começa a falar de soberania”.

Ao analisar a perspectiva política da retórica do PT, Rui argumentou que ela “serve para o governo Lula reagrupar a sua base que estava se esfacelando com a política social, com a política fiscal negativa”.

O presidente do PCO alertou que, para um desenvolvimento real, é necessária “uma política de mobilização”. Ele admitiu que “muita coisa pode acontecer” dada a situação crítica, mas que a intenção do PT “não é uma verdadeira mobilização”, sendo o PT “90% retórica, 10% vontade de fazer alguma coisa séria”.

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