Esquerda brasileira

Não se pode defender ao mesmo tempo a soberania e o STF

Grupo diz defender a soberania brasileira, mas defende o STF, uma peça-chave para o golpe de 2016, e implementação de políticas imperialistas no País

Lula e Trump

O artigo Trump ameaça ataque imperialista à economia do Brasil, publicado nesta quinta-feira (10) no sítio A Verdade, da UP, é mais um pouco da política defendida pela maioria da esquerda nacional, que se aproveita do episódio da taxação de Trump para pedir a prisão de Bolsonaro e apoiar o STF.

Em nome de defender o Brasil de ataques do imperialismo, a UP acaba revelando sua política pró-imperialista. Pois Bolsonaro é figura indesejável nas próximas presidenciais. E a Polícia Federal, o próprio STF, agem muito como sucursais do Partido Democrata em solo brasileiro.

No primeiro parágrafo, lemos que “após uma semana de ameaças contra o Brasil para defender a anistia à gangue de fascistas e golpistas liderada por Jair Bolsonaro, o presidente da principal potência imperialista do mundo, Donald Trump, anunciou uma taxação de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos EUA. A medida é uma forma de ampliar a guerra comercial patrocinada pelo imperialismo estadunidense para o nosso país”.

De início, é preciso deixar claro que não se pode apoiar quaisquer ingerências de países estrangeiros no Brasil. No mais, esses setores da esquerda insistem na tese ridícula de que tentaram dar um golpe sem armas no Brasil. A menos que estejam em um estado de pavor tão grande que um simples batom seja considerado uma arma letal.

O texto também menciona que “o presidente Lula, por sua vez, respondeu em tom duro recusando qualquer ingerência estrangeira nos assuntos internos brasileiros”. No entanto, uma resposta realmente dura seria Lula buscar reestatizar a Petrobrás, pegar de volta a Eletrobrás, acabar com a farra da emissão de dividendos, retomar a industrialização, além, claro, de retomar o controle de instituições como Banco Central, a PF, o Judiciário e outras organizações controladas diretamente pelo imperialismo.

O trecho “as exigências do chefe do imperialismo dos EUA deixam claro como eles veem nosso país apenas como um quintal para seus interesses e seus agentes, como Bolsonaro”, está parcialmente correto. Apesar de sermos visto como um quintal, Donald Trump não é o chefe do imperialismo; ele representa a burguesia americana em seu choque de interesses com o grande capital internacional, o imperialismo.

Como foi dito acima, há outros agentes infiltrados na nossa política, e um deles, o Supremo, é amplamente apoiado pela maioria da esquerda.

Jair Bolsonaro, seguramente, é um capacho dos Estados Unidos, mas não podemos nos esquecer que Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, no âmbito da Lava Jato –apoiada por amplos setores da esquerda– fez inúmeras viagens para os EUA e firmou acordos. Uma prova de que o judiciário está longe de ser uma proteção da soberania brasileira.

Novo golpe?

Segundo o artigo, “agora, com Trump no governo estadunidense, a expectativa e o empenho dos fascistas é que os ataques ao Brasil se ampliem para se criar uma nova situação favorável a um golpe de estado aqui”. É preciso perguntar: onde estava essa esquerda em 2016?

O verdadeiro perigo de um novo golpe de Estado no Brasil está na manutenção do do processo iniciado com a derrubada de Dilma Rousseff… com Supremo, com tudo. A prisão de Bolsonaro, a inviabilização da candidatura Lula são apenas uma nova fase dessa intervenção que começou em 2016.

A UP reclama que “um objetivo do imperialismo estadunidense no Brasil é o interesse nas nossas riquezas naturais. Além dos setores que as multinacionais norte-americanas controlam, Trump quer roubar nossos recursos naturais, especialmente as chamadas ‘terras raras’, essenciais para produtos de alta tecnologia”.

O artigo omite, porém, que a mesma UP se opõe a que o Brasil explore suas riquezas, como o petróleo na Margem Equatorial, uma política francamente imperialista. O grande capital internacional, por meio de ONGs, ministras infiltradas no governo, e até o Ibama, tenta a todo custo impedir que exploremos esse recurso natural, para que ele mesmo possa explorar em condições mais favoráveis.

Chave de cadeia

Embora a esquerda tenha tradicionalmente lutado contra o uso da cadeia para a solução questões sociais e políticas, de um tempo para cá, boa parte do campo, especialmente o setor identitário, tem pedido prisão para tudo, o que só tem aumentado a repressão.

Podemos ver essa política em ação no trecho que diz que “esta situação mostra também o quanto é fundamental a prisão imediata de Bolsonaro e seus cúmplices fascistas. Agora é evidente que eles agem aqui a mando dos chefes do imperialismo contra os interesses do povo brasileiro. Sua prisão agora é uma necessidade para defender a soberania nacional e impedir um novo golpe financiado pelos Estados Unidos”.

A prisão de Bolsonaro não vai eliminar o bolsonarismo. Na verdade, esse processo farsesco só vai aumentar sua popularidade. Donald Trump é um exemplo de que uma perseguição judicial fortalece determinados políticos, que se apresentam aos olhos da população como vítimas do sistema.

Finalmente, pedir a prisão do ex-presidente nada mais é que a defesa do Supremo. Essa instituição ultrarreacionária que foi peça fundamental no golpe de 2016; bem como em 2018, com a prisão de Lula, que levou Bolsonaro ao poder.

O STF tem implementado uma verdadeira ditadura judiciária no Brasil, tem agido contra a Constituição, e aboliu, na prática, liberdades políticas fundamentais como a livre expressão.

Essa é uma determinação do próprio imperialismo, que no mundo inteiro tem feito aprovar leis de restrição de uso das redes sociais, e aprovado leis que punem e prendem, como na Europa, aqueles que apoiem a luta do povo palestino.

É uma ilusão acreditar que o STF esteja combatendo o fascismo, como tenta fazer crer esse tipo de artigo da UP. Essa instituição, como já ficou comprovado, é mais uma peça a serviço do imperialismo.

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