Uma matéria publicada por Washington Araújo no Brasil 247, intitulada Brasil reage com firmeza à escalada protecionista de Trump, que golpeia siderúrgicas, agroexportadores e laços comerciais, defende uma retaliação do governo brasileiro às tarifas impostas por Trump. No entanto, não coloca em questão a subordinação econômica do Brasil em relação aos Estados Unidos. A postura reativa proposta pelo artigo do Brasil 247 é insuficiente. Na verdade, o Brasil deveria priorizar uma política nacional soberana, voltada para a produção interna, em vez de se subordinar às dinâmicas do comércio internacional.
O jornalista do Brasil 247 afirma que as tarifas de Trump, que incluem 25% sobre aço, 10% sobre alumínio e 10% sobre produtos agrícolas, representam um “golpe” contra setores como siderúrgicas e agroexportadores, citando a indignação da Associação Brasileira das Exportadoras de Carne (Abiec) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ele sugere que o Brasil deve responder com “firmeza”, utilizando a Lei da Reciprocidade Econômica para retaliar com tarifas sobre produtos norte-americanos, como uísque e automóveis. Essa política é completamente limitada, pois se restringe a manter o Brasil como economia capitalista atrasada. O Brasil não pode continuar sendo uma economia subordinada à dos Estados Unidos, que exporta matérias-primas e importa produtos manufaturados. O artigo do Brasil 247 apenas reforça a dependência do mercado externo, sem questionar o modelo econômico que nos torna vulneráveis a medidas como as de Trump.
A dependência do Brasil em exportar commodities, como carne e suco de laranja, enquanto importa bens industrializados, perpetua nossa condição de semicolônia. Em vez de buscar manter esses “laços”, o Brasil deveria romper com a submissão às potências imperialistas, que inclui não apenas os EUA, mas também instituições como a OMC, um instrumento dominado pelas grandes potências, que nunca favoreceu os interesses dos países oprimidos.
O artigo do Brasil 247, por outro lado, menciona a possibilidade de recorrer à OMC para contestar as tarifas, argumentando que isso demonstra uma postura “firme e soberana”. No entanto, essa estratégia é ingênua, pois a OMC, como já mencionado, não serve aos interesses de países como o Brasil, mas aos interesses do imperialismo. A submissão a interesses externos, como os de instituições dominadas pelo imperialismo, compromete a soberania nacional. Em vez de apelar a organismos internacionais, o Brasil deveria aproveitar a crise para investir em sua própria capacidade produtiva. Quer dizer, o Brasil deve produzir para o Brasil, fortalecendo sua indústria, sua agricultura familiar e sua soberania alimentar.
Na verdade, a política expressa pelo artigo do Brasil 247 é uma insistência em proteger setores exportadores, ignorando a necessidade de um projeto nacional que priorize o mercado interno.
A resposta do colunista do Brasil 247 limita-se a retaliações comerciais, sem abordar a concentração de terras e a exploração promovidas pelos latifundiários — isto é, o modo de produção que nos torna uma economia capitalista atrasada. As políticas protecionistas de Trump abrem uma oportunidade para o Brasil desenvolver suas forças produtivas internas. A submissão a interesses externos custará muito caro ao País. O Brasil deve abandonar a ilusão de que a salvação está no comércio global e focar na industrialização, na soberania e na geração de empregos para seu povo.
Só assim deixaremos de ser reféns de decisões como as de Trump e produziremos, de fato, para nós mesmos.




