Editorial

Apoio de Lula a Moraes custará muito caro ao País

Presidente norte-americano, Donald Trump anunciou sanção econômica ao Brasil com o objetivo de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a mudar de política

Na noite dessa quarta-feira (9), o presidente norte-americano Donald Trump publicou em suas redes sociais uma carta que ele mesmo enviou a seu homólogo brasileiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No texto, Trump critica “a forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro” e anuncia uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros.

A política de Trump de sancionar um país para pressionar suas instituições é uma política tipicamente imperialista. Na carta, Trump diz abertamente que o Supremo Tribunal Federal (STF) “emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro”, explicitando que o objetivo da tarifa seria justamente modificar a atuação da Corte brasileira.

Trump repete, ainda que de maneira muito mais sutil, caótica e limitada, a política de seu antecessor, o democrata Joe Biden. É uma ingerência sobre a política brasileira. Não cabe ao presidente dos Estados Unidos, nem ao presidente de qualquer outro país, dizer como devem se comportar as instituições brasileiras.

Ainda que a posição de Trump seja condenável, pois atenta contra a soberania brasileira, não é possível omitir o papel da presidência da República nesta crise. O presidente norte-americano criou um grande problema para o governo porque este mesmo governo cometeu o grave erro de se aliar à ditadura do STF.

Quem está perseguindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não é a presidência da República, é o STF, a Procuradoria-geral da República (PGR), a Polícia Federal (PF) e todas aquelas instituições que atuam como um enclave do imperialismo no regime político brasileiro. No entanto, não são essas instituições que estão sendo diretamente sancionadas.

O aumento da tarifa de importação de produtos brasileiros é algo que vai atingir diretamente o governo Lula. Com a medida de Trump, a economia agroexportadora brasileira sofrerá um grande impacto. E, deste modo, os latifundiários e setores da burguesia ligados a esse ramo da economia, que possuem uma grande influência sobre o Congresso Nacional, deverão se rebelar contra o governo. O aumento da tarifa pode ser o que faltava para uma rebelião generalizada de uma fração da burguesia que vem assumindo uma posição cada vez mais golpista.

O governo Lula criou um grande problema para si mesmo. A reação do presidente, por sua vez, indica que a crise irá se aprofundar. Lula declarou que deve retaliar a tarifa imposta por Trump, o que significa que está disposto a entrar em uma guerra comercial com o país mais poderoso do mundo apenas e tão-somente para sustentar a sua posição de apoio à ditadura do STF.

Lula poderia muito bem ter dito: “eu não sou o STF”. Poderia ter lavado as mãos diante do caso. Mas tomar partido nessa briga apenas reforça o seu erro: o governo pagará muito caro por estar apoiando a política encabeçada por Alexandre de Moraes.

Ainda que a ação de Trump seja truculenta, o mais importante a ser analisado, neste caso, é o que ela representa enquanto fenômeno social. O apoio de Trump a Bolsonaro não é uma mera questão ideológica, é parte de um enfrentamento entre dois setores da burguesia norte-americana. De um lado, está a burguesia interna norte-americana, liderada por Trump; de outro, estão os grandes monopólios imperialistas, representados pelo Partido Democrata.

Alexandre de Moraes, Polícia Federal e PGR são filiais do Partido Democrata no Brasil. E é por isso que Trump se indispõe contra eles. Derrotar a perseguição judicial a Bolsonaro seria, para Trump, uma vitória contra os serviços de inteligência norte-americanos que podem muito bem preparar um golpe contra ele no futuro.

A questão é: o que Lula teria a ver com isso? O que o povo brasileiro teria a ver com isso? Absolutamente nada. Lula não precisa tomar partido nem de um lado, nem de outro da briga. Nenhum dos dois setores vai ajudar efetivamente o Brasil – muito pelo contrário!

A atual determinação de Lula de apoiar os representantes do Partido Democrata no Brasil é a continuação de erro cuja origem está em 2024. Naquele ano, o presidente brasileiro, enquanto chefe-de-Estado do País, declarou abertamente sua preferência à candidatura do Partido Democrata, criando uma indisposição absolutamente desnecessária com o atual presidente. Sua aliança com Alexandre de Moraes é como se fosse uma decisão de reconhecer como governo dos Estados Unidos o Partido Democrata, e não Donald Trump.

O mais incrível de tudo isso é que, enquanto Lula, para defender os bandidos do Partido Democrata, se acha no direito de se intrometer na política norte-americana, vem se omitindo sistematicamente de tomar qualquer posição favorável aos países oprimidos. Recusou-se a denunciar as tentativas de golpe de Estado na Venezuela, criou uma crise com o governo da Nicarágua e não fez absolutamente nada para impedir o genocídio na Faixa de Gaza.

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