53ª Universidade de Férias

Rui Pimenta: estamos em uma época de revoluções

Terceira aula reafirmou o compromisso do PCO com a formação política séria e científica, ancorada na tradição do marxismo revolucionário

Na terceira aula do curso de formação política “A teoria marxista da revolução e a situação atual”, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO) Rui Costa Pimenta, aprofundou o entendimento marxista da revolução, destacando a crise estrutural do capitalismo, os limites da democracia, o papel do Estado e a importância da dialética materialista para a compreensão da conjuntura. A exposição, assistida por centenas de militantes no Acampamento de Férias, demonstrou a atualidade do marxismo e sua superioridade diante das ideologias pequeno-burguesas.

Logo no início da aula, Pimenta destacou a sequência de transformações explosivas vividas ao longo do século passado como prova da decadência do sistema capitalista:

 “Após a Revolução de 1917, tivemos uma série de revoluções ao longo do século XX. Se fossemos fazer uma lista, seria uma imensidão. O Brasil teve o levante tenentista de 22, a Revolução de 24, a Revolução de 30, a crise do café, o Estado Novo. Só isso já indicaria o esgotamento completo do capitalismo.”

Segundo o dirigente do PCO, esses processos demonstram que o mundo está diante de uma longa transição, na qual a revolução política se apresenta como o instrumento necessário para levar adiante a revolução social, isto é, a substituição da economia capitalista pela socialista.

O dirigente criticou duramente a visão moralista da política, bastante presente nas alas pequeno-burguesas da esquerda, que enxergam o fenômeno fascista como um problema ideológico isolado, desconectado de suas bases materiais. “A esquerda não questiona o fundamento social e econômico dos fenômenos políticos”, afirmou.

“O fascismo e a democracia são como as máscaras do teatro antigo. A máscara em si não é o perigo, perigo é quem está por trás. Se por trás do fascismo está o imperialismo, aí há perigo. Do contrário, não existe perigo.”

A crítica desmonta o que foi classificado como “mistificação” promovida por setores que, incapazes de identificar o papel do imperialismo, adotam uma postura completamente subordinada aos interesses das potências estrangeiras sob o pretexto de defender a “democracia”.

O caso do governo Getúlio Vargas foi usado como exemplo para ilustrar como um fenômeno político deve ser analisado a partir de suas bases sociais concretas, e não de impressões ideológicas superficiais. Pimenta lembrou que, mesmo sendo exaltado por setores nacionalistas, Vargas colaborou diretamente com o imperialismo norte-americano:

 “Em uma entrevista recente, lembrei que o Getúlio Vargas foi também um agente do imperialismo. Não foi ele que deu aos EUA três bases brasileiras? Que governo nacionalista faz isso? Vargas deu 10 mil brasileiros para atuarem nas fileiras norte-americanas na Segunda Guerra Mundial. Vargas fez isso, colocou brasileiros no humilhante papel de exército colonial dos EUA.”

Ainda assim, Vargas representou a tentativa de uma fração da burguesia nacional de se estabelecer em um momento de crise do regime oligárquico. Para o marxismo, isso não deve ser analisado a partir de “rótulos ideológicos”, mas sim como uma expressão concreta de um conflito entre classes dentro de uma formação econômica em crise. O presidente do PCO afirmou que, para compreender a política, “é preciso ter olhos de raio-x”, enxergando o que está por trás das aparências.

Um dos pontos centrais da aula foi a análise do papel do Estado nas economias atuais. De forma contundente, Rui explicou que o capitalismo nacional é uma ficção e que mesmo os capitalistas brasileiros dependem do Estado para sobreviver:

 “Qualquer pessoa que queira desenvolver o País, precisará da propriedade estatal. Mesmo para os capitalistas nacionais, uma Globo por exemplo, se o Estado tirar o tubo, acabam. Uma Magazine Luiza, se não consegue forçar o governo a barrar blusinha da Shein, quebra.”

Nesse sentido, ele destacou que o mundo caminha para formas cada vez mais desenvolvidas de intervenção estatal, inclusive nos países imperialistas. A economia norte-americana, disse ele, “já não consegue viver sem a proteção do Estado”. A conclusão é clara: se os capitalistas precisam do Estado para sobreviver, então está aberta a possibilidade de sua expropriação.

A exposição avançou para os fundamentos da teoria marxista da revolução, com Rui dedicando parte importante da aula à dialética. Segundo ele, a teoria da revolução não é uma questão de vontade ou de preferência política, mas uma necessidade objetiva:

“Todo processo é uma transformação da quantidade em qualidade, isso no meio natural e no meio social. O mundo vai acumulando quantitativamente pequenas mudanças, até que ele muda de qualidade. O ser humano vai crescendo e adquirindo uma série de características até deixar de ser criança para se tornar um jovem, depois uma pessoa madura, um velho e enfim, morre. A dialética é a ciência das leis do movimento da matéria. Na dialética, quando uma quantidade atinge um determinado ponto, ela dá um salto. Esse salto é a revolução. Uma sociedade vai acumulando elementos revolucionários até que essa revolução irrompe. Não existe lugar para o gradualismo eterno. Em algum momento, ele vai dar lugar à revolução. É como um copo que vai se enchendo até que em um momento, uma gota d’água entorna o copo.”

Para Pimenta, esse processo é inevitável: “não existe lugar para o gradualismo eterno”. Essa compreensão dialética é o que diferencia o marxismo das demais ideologias que se apoiam em abstrações morais, crenças ou esperanças na “boa vontade” da burguesia.

Na parte final da aula, o dirigente fez um apanhado histórico das revoluções burguesas e do surgimento do socialismo utópico e do anarquismo. Mostrou como essas correntes, apesar de terem influenciado o desenvolvimento da consciência de classe, foram superadas pela teoria marxista da luta de classes e da ditadura do proletariado. “As formas de luta variam”, disse, “mas o importante é como o partido vê a revolução”.

Ao falar da organização política, Rui voltou a polemizar com a esquerda reformista: “o povo não pode ser responsabilizado pelas derrotas políticas. Isso é uma canalhice. A culpa é dos partidos, sobretudo do PT”. Ele ressaltou que nenhuma ação de massas pode ocorrer sem organização política, e que a burguesia compreende muito bem isso — por isso controla a imprensa, os partidos e o Estado.

Por fim, criticou duramente a ideologia identitária, contrapondo-a à perspectiva do desenvolvimento histórico e da superação do atraso: “Sem desenvolvimento, não há socialismo.” Rui insistiu que Marx vê o capitalismo como a última forma antagônica de organização social e que o socialismo será o sistema capaz de iniciar a verdadeira história da humanidade, livre do caos causado por forças sociais incontroladas.

A terceira aula reafirmou o compromisso do PCO com a formação política séria e científica, ancorada na tradição do marxismo revolucionário. O curso segue ao longo da semana, aprofundando os temas centrais da teoria e da prática da revolução socialista.

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